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12 março, 2022

Velho do Restelo

É um personagem introduzido por Luís de Camões entre as estrofes 94 e 104 do canto IV da sua obra "Os Lusíadas". O Velho do Restelo é variamente interpretado como símbolo dos pessimistas, dos que não acreditavam no sucesso da epopeia dos Descobrimentos Portugueses, e surge na largada da primeira expedição à Índia com avisos sobre a odisseia que estaria prestes a acontecer: No episódio, narra-se a partida de Vasco da Gama aos mares (a saída do porto, ainda em Portugal). Um ancião (o Velho do Restelo) põe-se então a acoimar as viagens e os ocupantes das naus, sob o argumento de que os temerários navegadores, movidos pela cobiça de fama, glória e riquezas, procuravam desastre para si mesmos e para o povo português.
Quadro: O Velho do Restelo (1904), por Columbano Bordalo Pinheiro, no Museu Militar de Lisboa.
Sobre a arenga do ancião contra as viagens marítimas, afirmou o professor universitário Salvatore D’Onofrio em 1970:
"Achamos que o episódio do Velho do Restelo, quanto ao seu significado, não tem nenhum precedente histórico no campo da poesia épica. Examinando os poemas de Homero e de Virgílio, podemos observar que nenhum episódio tem um valor crítico tão fundamental como o do Velho do Restelo. Em nenhum lugar da Ilíada, cujo objetivo é a exaltação do valor bélico dos gregos, achamos invectivas ou lamentações diretamente dirigidas aos horrores da guerra; na Odisseia, que exalta a coragem e a força moral de Ulisses na sua viagem de retorno a Ítaca, nada encontramos que invalide este objetivo; pelo contrário, o herói, voltando enfim a sua terra, acha uma esposa fiel e um filho dedicado, merecidas recompensas de tamanho sacrifício. No poema de Virgílio, que visa a glorificação de Eneias e do Império Romano, também não encontramos algo que possa minimizar este grande sonho ou possa sugerir a inutilidade de tão grandiosa obra."
Nesta data (12 de março de 2022), estão sendo celebrados os 450 anos da primeira edição de "Os Lusíadas". Espalhados em três continentes, há atualmente 34 exemplares dessa edição que saiu em 1572. Em Austin, na Universidade do Texas, encontra-se o exemplar que, dizem os camonianos, pertenceu a Luís de Camões.

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