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08 dezembro, 2021

Transformando o fértil Nordeste em deserto, em câmera lenta

Deu no NYT:
CARNAÚBA DOS DANTAS, Brasil - A terra sustenta a família Dantas há mais de 150 anos, produzindo algodão, pés de feijão até a cintura de um homem adulto e, quando chovia bastante, existia um rio que desembocava em uma cachoeira. Mas, em um dia recente, com temperaturas próximas de 40 graus, o rio secou, as plantações não cresciam e os trinta bois restantes da família estavam consumindo rapidamente a última poça de água.
"Daqui a cinquenta anos, não haverá gente morando aqui", disse Inácio Batista Dantas, 80 anos, equilibrando-se em uma rede puída. "Digo aos meus netos que as coisas vão ficar muito difíceis". Sua neta, Hellena, 16, ouviu - e recuou. Ela cresceu aqui. "Pretendo trabalhar nesta terra", disse ela.
Os cientistas concordam com seu avô. Grande parte do vasto nordeste do Brasil está, de fato, se transformando em um deserto - um processo chamado desertificação que está piorando em todo o planeta. A mudança climática é uma das culpadas. Mas os residentes locais, enfrentando duras realidades econômicas, também tomaram decisões de curto prazo para sobreviver - como derrubar árvores para o gado e extrair argila para a indústria de azulejos da região - que tiveram consequências de longo prazo.
A desertificação é um desastre natural que ocorre em câmera lenta em áreas que abrigam meio bilhão de pessoas, desde o norte da China e o norte da África até a remota Rússia e o sudoeste americano. O processo geralmente não leva a dunas de areia onduladas que evocam o Saara. Em vez disso, temperaturas mais altas e menos chuva combinam-se com o desmatamento e a agricultura excessiva para deixar o solo ressecado, sem vida e quase desprovido de nutrientes, incapaz de sustentar plantações ou mesmo grama para alimentar o gado. Isso o tornou uma das principais ameaças à capacidade da civilização de se alimentar. Por JACK NICAS (03/12/2021)
 
Ilustração - A região do Seridó, no Brasil, é um pólo nacional de produção de telhas, atividade que contribui para a degradação do solo.

(matéria enviada por Jaime Nogueira)

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