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31 maio, 2021

O valor da discordância

Em 1907, Francis Galton (um primo de Charles Darwin) descobriu que, quando se pediu a uma multidão que adivinhasse o peso de um boi, o valor médio de suas respostas foi surpreendentemente preciso - no experimento de Galton, ficou dentro de 1% do peso real do boi. Esta é a "sabedoria das multidões": ao cancelar erros entre indivíduos, a resposta média geralmente se mostra mais precisa do que as estimativas individuais.

Uma versão simples desse experimento é imaginar cem pessoas sendo solicitadas a adivinhar o número de grãos em uma jarra - a maioria responderá erroneamente, mas, estatisticamente, a probabilidade é que a média das respostas fique próximo da realidade. (Este assunto é totalmente explorado no livro de James Surowiecki, "The Wisdom of Crowds".)
Curiosamente, o mesmo fenômeno pode surgir quando agregamos várias estimativas feitas por uma única pessoa (a "sabedoria da multidão interna"). E os pesquisadores de comportamento organizacional Philippe van de Calseyde e Emir Efendić agora descobrem que a precisão pode ser ainda mais refinada quando as pessoas são solicitadas a considerar uma questão da perspectiva de alguém de quem frequentemente discordam.
"Assumir uma perspectiva discordante leva as pessoas a considerar e adotar segundas estimativas que normalmente não considerariam como uma opção viável, resultando em primeira e segunda estimativas que são altamente diversas (e, por extensão, mais precisas quando agregadas)", escrevem os pesquisadores. "Nossos resultados sugerem que a discordância, muitas vezes destacada por seu impacto negativo, pode ser uma ferramenta poderosa na produção de julgamentos precisos."
(https://www.roywalkerwealth.com/2018/01/why-you-cant-beat-market-sir-francis-galton.html)
(https://www.futilitycloset.com/2020/12/08/the-value-of-disagreement/)

Pergunta-se:
Seria este fenômeno um argumento em favor da existência do tribunal do júri?

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