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30 abril, 2021

Oitocentas léguas pelo Amazonas

O romance "La Jangada – huit cents lieues sur l'Amazone" (A jangada, oitocentas léguas pelo Amazonas, 1881), é o primeiro de três romances de Júlio Verne consagrados exclusivamente ao curso de rios (os outros dois são: "Le Superbe Orénoque", de 1898 e "Le Pilote du Danube", de 1908). Ao contrário do que ocorreu no "Chancellor", a trajetória da jangada se dá no sentido oposto: a embarcação construída numa pequena aldeia desce o Amazonas.
"La Jangada" é o relato de uma viagem até Belém, realizada pela família de um próspero fazendeiro que habitava Iquitos. O romance tem um duplo objetivo. O primeiro – anunciado para todos os membros da família -, era o casamento de Minha, a filha de João Garral, com um colega de estudos do irmão dela; o segundo era a solução de um problema jurídico de natureza criminal.
Na realidade, João, o pai, tinha as suas razões secretas: mesmo correndo o risco de uma execução, desejava obter a revisão de uma sentença que o condenara injustamente à morte pelo roubo de diamantes, 26 anos antes. Na época em que foi acusado, Garral trabalhava nas minas imperiais do Brasil em Vila Rica (hoje Ouro Preto), sob o nome verdadeiro de João da Costa. Depois de escapar à perseguição das autoridades foi morar em Iquitos, onde fez fortuna. De lá, partiu para recuperar sua inocência, depois de mais de um quarto de século.
Uma vez que o objetivo anunciado era um projeto familiar, Garral imaginou um meio de transporte que permitisse deslocar-se com toda a família. Com esta finalidade decidiu pela construção de uma enorme jangada, na verdade, uma gigantesca aldeia flutuante, capaz de conduzir todos os membros de sua fazenda pelo rio abaixo até Belém.

Extraído de: Julio Verne e sua relação com a Amazônia, por Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, que é astrônomo, fundador e primeiro diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins, e autor de mais de 75 livros, entre estes o "Explicando a Teoria da Relatividade".

N. do E.
"La Jangada" pode ser lido sem custo e quase sem restrições aqui (Projeto Gutenberg).
A ilustração, de Léon Benett, foi obtida aqui. (Wikipedia)
No romance, os amigos de João Garral / João da Costa lutam para salvá-lo resolvendo um criptograma, cujo último parágrafo é fornecido no texto:
"Phyjslyddqfdzxgasgzzqqehxgkfndrxujugiocytdxvksbxhhuypo hdvyrymhuhpuydkjoxphetozsletnpmvffovpdpajxhyynojyggayme qynfuqlnmvlyfgsuzmqiztlbqgyugsqeubvnrcredgruzblrmxyuhqhp zdrrgcrohepqxufivvrplphonthvddqfhqsntzhhhnfepmqkyuuexktog zgkyuumfvijdqdpzjqsykrplxhxqrymvklohhhotozvdksppsuvjhd."
No final, isso funciona assim:
"O verdadeiro autor do furto dos diamantes e do assassinato dos soldados que escoltavam o comboio, cometido na noite de vinte e dois de janeiro de mil oitocentos e vinte e seis, não é portanto João da Costa, injustamente condenado à morte; sou eu, o miserável funcionário da administração do distrito dos diamantes; sim, só eu, que assino meu nome verdadeiro, Ortega."
(Perdão, leitores, pelo spoiler.)

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