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08 janeiro, 2021

Ingratidão, por Raul de Leôni

Nunca mais me esqueci! ... Eu era criança
E em meu velho quintal, ao sol-nascente,
Plantei, com a minha mão ingênua e mansa,
Uma linda amendoeira adolescente.

Era a mais rútila e íntima esperança...
Cresceu... cresceu... e aos poucos, suavemente,
Pendeu os ramos sobre um muro em frente
E foi frutificar na vizinhança...

Daí por diante, pela vida inteira,
Todas as grandes árvores que em minhas
Terras, num sonho esplêndido semeio,

Como aquela magnífica amendoeira,
Eflorescem nas chácaras vizinhas
E vão dar frutos no pomar alheio...

Raul de Leôni (Petrópolis, RJ, 1895 - Itaipava, RJ, 1926), com "Luz mediterrânea", seu único livro, é considerado nosso último paranasiano de relevo.

A gratidão do cajueiro, por Rogaciano Leite LINK
Diferente da ingrata amendoeira de Raul de Leoni, que "pendeu os ramos sobre um muro em frente e foi frutificar na vizinhança", o cajueiro plantado pela então garotinha de Aracati, soube reservar todas as suas energias criadoras para fazer com que a hoje velhinha que o plantou recebesse do sr. Ministro da Agricultura um prêmio de dois mil e quinhentos cruzeiros pelo maior caju produzido naquela cidade, por ocasião da festa que o dinâmico deputado Ernesto Gurgel Valente organizou e dirigiu.

Ingratidão é...
A pessoa receber o favor e não voltar para pedir outro. PGCS

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