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23 dezembro, 2020

Os rios voadores da Amazônia

A maior floresta tropical do mundo apresenta dimensões e encantos superlativos, mas seus 5,5 milhões de km² estão cada vez mais ameaçados de destruição pela ação humana – em 2020, o desmatamento atingiu o nível mais alto dos últimos 12 anos. Nas imagens deste especial da Folha de SP, o principal fotógrafo da atualidade, Sebastião Salgado, revela as belezas do relevo e dos rios voadores do bioma que ocupa metade do território brasileiro.

Vista da Serra Curicuriari, chamada de "Serra da Bela Adormecida" pelos habitantes de São Gabriel da Cachoeira (AM), em foto de Sebastião Salgado.

"A Amazônia tem tanta água nos céus quanto nos rios que cruzam o território. São um furo jornalístico as imagens que Sebastião Salgado produziu mostrando com nitidez os chamados 'rios voadores', fenômeno que a ciência brasileira vem estudando nas últimas décadas. Esses “rios” transportam uma enorme quantidade de água do Atlântico para o continente em um corredor de ventos que atravessa as Guianas e a região norte do Brasil. Quando sobre terra firme, eles banham a floresta ao mesmo tempo em que se alimentam da 'evapotranspiração' gerada pelas quase 600 bilhões de árvores da Amazônia. Árvores com copas de 10 a 20 metros de diâmetro 'suam' entre 300 e 1.000 litros de água por dia que são levados pelos ventos a uma altura entre 2 e 4 mil metros. O curso desses ventos alísios segue desde o norte até chocar-se com a Cordilheira dos Andes. Ali, em um movimento circular, vão em direção ao norte da Argentina, ao Uruguai e ao sul e sudeste brasileiros. A quantidade de água em movimento é avaliada em cerca de 20 bilhões de litros." ~ Leão Serva

Grato a Jaime Nogueira por me trazer à lembrança esta reportagem especial.

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