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23 outubro, 2020

Do nhenhenhém ao mimimi

Nhenhenhém é uma onomatopeia (palavra que procura imitar o som daquilo que se expressa) para traduzir conversa-fiada.
Quando reclamamos que alguém deveria "deixar de nhenhenhém", por impaciência ou simples desconhecimento do assunto, nem suspeitamos da influência do tupi nessa expressão. Do ponto de vista etimológico, a palavra "nhenhenhém" consiste em um aportuguesamento dos verbos tupis "nhe'eng" (que significa falar) e "nheéng nheéng" (que sugere a ação de "insistir" ou "teimar").
A palavra em questão, um substantivo masculino, está no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa e em outros dicionários brasileiros.
Diz Rainer Sousa:
Ao entrarem em contato com os portugueses, os índios do litoral brasileiro não compreendiam uma só vírgula da língua utilizada pelos estrangeiros. Da mesma forma, os portugueses demoraram certo tempo para que pudessem compreender o universo de significados da língua dos nativos. Nesse meio tempo, é bem provável que alguns índios daquela época não ficavam muito interessados em perderem seu tempo com o “nheeng-nheeng-nheeng” (falar-falar-falar) dos colonizadores europeus.
De forma semelhante aos índios daquela época, ficamos irritados quando somos obrigados a aturar horas a fio uma conversa, discurso ou palestra pouco interessante. Como se ouvíssemos uma língua completamente desconhecida, transformamos aquela fala prolixa em um irritante amontoado de sons sem sentido. Portanto, clareza e objetividade se tornam essenciais para que o ato comunicativo não vire um enfadonho "nhenhenhém".
[http://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/deixar-nhenhenhem.htm]
O mimimi é uma maneira de você desclassificar o argumento do outro sem realmente refutá-lo. Você chama de "mimimi", de choradeira. Basicamente é o mesmo que tapar os ouvidos e ficar gritando LALALALALALA, EU NÃO ESTOU OUVINDO NADA ou NEM ESCUTO A ZOADA DA MUTUCA (como acontece aqui no Ceará).

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