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21 junho, 2020

A voz do dono e o dono da voz

No livro "Histórias de canções: Chico Buarque", Wagner Homem registra que a canção "A voz do dono e o dono da voz", de Chico Buarque (o dono da voz), foi uma "resposta irada e irônica" a uma discussão entre Chico e sua gravadora de então - 1981 (Poligram, a voz do dono). Outra informação importante oferecida por Wagner Homem é a de que "a expressão "o dono da voz" apareceu pela primeira vez nessa canção e rapidamente foi incorporada ao vocabulário da língua portuguesa. Era uma brincadeira de Chico com o lema "The master's voice" (A voz do dono), da gravadora RCA Victor, que exibia um cachorrinho observando atentamente um gramofone".
365 Canções

O símbolo da Victrola (o aparelho da Talking Machine Company que deu origem ao nome vitrola) o cãozinho Victor. Um fox terrier, cujo nome real era Nipper, que foi desenhado pelo pintor Francis Barraud. Na cena famosa, o cãozinho aparece olhando para o gramofone porque dali vinha a voz de seu falecido dono (um irmão do pintor), o qual tinha deixado algumas gravações com a sua voz. Ao ouvi-lo, o animal prestava atenção. E, por isso, o slogan de Victrola era "His Master´s Voice".
Slideshow O cãozinho Victor

Ao fechar a canção com o refrão "o que é bom para o dono é bom para a voz (vós)" - canto paralelo (paródia, paráfrase) de "o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil", a inoxidável frase dita por Juracy Magalhães, ministro das Relações Exteriores do governo militar brasileiro - Chico, segundo o blogueiro Leonardo Davino, do "365 Canções", ironicamente amarra a discussão lançando, mais uma vez, o problema para o ouvinte.


Faixa do álbum "Almanaque" (1981), pela gravadora "Ariola"

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