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10 maio, 2020

Dona Elzita

Uma saga de 45 anos que envolve pistas falsas no Brasil e no exterior, visitas a quartéis, cemitérios e manicômio judicial, interpelações a torturadores, súplicas a autoridades da República e pedidos de ajuda a organizações internacionais.
A história de Elzita Ramos de Oliveira Santa Cruz, que carregou como bandeira e razão de vida uma pergunta sem resposta, que repetiu enquanto teve voz, sobre o paradeiro do seu filho Fernando.
Ela morreu no ano passado, aos 105 anos, sem conseguir enterrar Fernando Santa Cruz, desaparecido em fevereiro de 1974, após ser preso por órgãos de repressão da ditadura militar, em uma esquina de Copacana, no Rio de Janeiro.
Fernando foi vítima de "morte não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro".
Dona Elzita costumava recitar uma poesia que, dizia ela, aprendeu quando criança. Familiares, no entanto, confirmam ser de sua autoria:
"Passam-se os anos, e o véu do esquecimento / Baixando sobre as coisas, tudo se apaga / Menos da mãe, no triste isolamento, / a saudade que o coração lhe esmaga."

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