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18 abril, 2020

Moraes Moreira, "o eterno novo baiano"

A semana começou com uma notícia triste no cenário musical. O cantor e compositor Moraes Moreira morreu na madrugada desta segunda-feira (13) aos 72 anos, em casa, no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro. Conforme a assessoria do artista, ele morreu por volta das 6h depois de sofrer um infarto agudo do miocárdio.
Antonio Carlos Moreira Pires nasceu em Ituaçu, no interior da Bahia, em 8 de julho de 1947. Moraes Moreira começou tocando sanfona de doze baixos em festas de São João e outros eventos na cidade. Na adolescência aprendeu a tocar violão, enquanto fazia curso de ciências em Caculé, na região sudoeste da Bahia, em 1967.
Aos 19, ele foi para Salvador, onde começou a estudar no Seminário de Música da Universidade Federal da Bahia. Lá, ele conheceu seus futuros companheiros dos "Novos Baianos", Luiz Galvão e Paulinho Boca de Cantor, além de Tom Zé.
Em 1968, eles criaram o espetáculo que deu origem aos Novos Baianos, "Desembarque dos Bichos depois do Dilúvio Universal". O grupo já tinha também a participação de Baby do Brasil (Baby Consuelo, na época) na voz e do guitarrista Pepeu Gomes quando foi participar do popular Festival da Música Popular Brasileira na TV em 1969, com a música "De Vera", de Moreira e Galvão.
No ano seguinte, o grupo lançou seu disco de estreia, "Ferro na boneca". Mas a grande obra deles viria após uma visita de João Gilberto à casa em que eles moravam juntos, já no Rio de Janeiro.
Em 1972, eles lançaram o álbum "Acabou chorare", que consagrou os Novos Baianos. O trabalho juntava samba, rock, bossa nova, frevo, choro e baião. Com a regravação de "Brasil pandeiro" (vídeo), de Assis Valente, além de "Preta pretinha", "Besta é tu" e a faixa-título, todas de coautoria de Moraes Moreira, o álbum de 1972 foi reconhecido como um dos melhores - senão o melhor - trabalho do pop brasileiro.



O grupo foi morar em um sítio em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, onde seguiam a cultura hippie  em plena ditadura militar brasileira. Lançaram ainda três discos, cujo sucesso não tão grande começou a gerar desentendimentos. Ele ficou no grupo de 1969 até 1975, quando saiu em carreira solo.
Em 1976, já em carreira solo, ele se tornou o primeiro cantor de trio elétrico, ao subir no trio de Dodô e Osmar e cantar a música "Pombo correio", que foi sucesso na época.
Já em 1997, ele reuniu o grupo Novos Baianos para lançar o disco ao vivo "Infinito Circular", com canções dos discos anteriores e algumas inéditas. Em 2007, Moraes Moreira publicou o livro "A História dos Novos Baianos e Outros Versos", escrito em linguagem de cordel, que conta a história dos Novos Baianos.
Nos últimos anos, Moraes Moreira se envolveu em shows da reunião dos Novos Baianos e também de trabalhos solo. O artista também se dedicou a trabalhos com o filho Davi Moraes. No total, ele lançou mais de 60 discos entre a carreira solo, Novos Baianos, Trio Elétrico Dodô e Osmar, além da parceria com o guitarrista Pepeu Gomes.
Principais sucessos autorais de Moraes Moreira
"Vassourinha elétrica"
c/ Fausto Nilo: Santa Fé"( música de abertura da novela "Roque Santeiro"), "Bloco do prazer", "Coisa acesa", "Meninas do Brasil", "Chão da praça" e "Pão e poesia
c/ Galvão: "Acabou chorare", "Preta pretinha" e "Besta é tu" (também c/ Pepeu)
c/ Pepeu: "Lá vem o Brasil descendo a ladeira" (canção inspirada numa observação de João Gilberto)
c/ Abel Silva: "Festa do interior"
c/ Dodô e Osmar: "Pombo correio"
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Moraes Moreira se eternizou em nosso cancioneiro. Hoje verdadeiramente não tem carnaval nem festa junina sem suas músicas.

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