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08 dezembro, 2019

A novidade que se cristaliza

Brasil 24/7 - Uma análise da pesquisa Datafolha de hoje:

1. Não há polarização: 30% dos eleitores são de direita; 30%, de esquerda e 40% totalmente voltados a um pragmatismo vivencial: para os excluídos, a melhor promessa do momento (aqui entram a manipulação midiático-empresarial e, no contexto atual, as redes de fake news de ultradireita) é que vale. A "promessa" já foi à esquerda, com Lula/Dilma; agora, à direita.

2. A novidade que se cristaliza nessa pesquisa: algo em torno de 15% da direita brasileira é protofascista (fascismo em sua vertente inicial).

2.1. O clã Bolsonaro e personagens como Olavo de Carvalho atuam para mobilizar essa parcela da população. São, claramente, antidemocráticos, autoritários e violentos. Constantemente, insuflam o terrorismo de Estado.

2.2. A direita tem uma arma poderosa em sociedades capitalistas: o poder do dinheiro - dos que não têm compromisso com a democracia de fato (empresários, banqueiros, latifundiários, think tanks...).

2.3. Mas, o poder dos sentimentos e dos afetos, ou seja, o poder simbólico, é a grande disputa do momento. Este jogo está em aberto.

3. Parte dos protofascistas estão a disputar o poder simbólico utilizando o discurso religioso (o meio mais eficaz de disseminar discursos de ódio). Há um imenso investimento financeiro no neopentecostalismo.

3.1. A esquerda, em boa medida, está sem uma bandeira afetiva e mobilizadora. Lula encarna, em certa medida, esse vácuo.

4. Mesmo assim, a direita, definitivamente, não é imbatível. Argentina provou que o ultraliberalismo não responde às demandas de sociedades marcadas pela desigualdade e injustiça estruturais.

4.1. Mas, a esquerda precisa radicalizar sua posição para mostrar as contradições brasileiras. Caso contrário, os 40% dos eleitores "folha de bananeira" (que vão à onda do vento) continuarão na passividade (altíssimos índices de absenteísmo eleitoral), na omissão (imobilização social) ou conivência com os que gritam mais alto.

Robson Sávio Reis Souza
Doutor em Ciências Sociais

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