"O Brasil precisa merecer a bossa nova."
~ Caetano Veloso
RIO - Responsável por uma revolução no modo de cantar e tocar violão, que mudou tudo na música brasileira, João Gilberto morreu neste sábado, 6, aos 88 anos. A causa da morte ainda não foi divulgada. Ele deixa três filhos, João Marcelo, Bebel e Luisa.Natural de Juazeiro da Bahia. onde aprendeu a tocar violão em sua meninice, João Gilberto mudou-se para o Rio de Janeiro em 1950, disposto a ganhar o Brasil com seu violão e sua voz. Ganhou o mundo.
Grande e único. Graças a ele, a bossa nova se consolidou e a música brasileira teve portas abertas para conquistar seu lugar no mundo. A brilhante geração de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque não teria ido tão longe se não fosse a inspiração de "Chega de saudade", disco que João lançou em 1958.
Músico preciso e exigente, era conhecido por cobrar silêncio absoluto de suas plateias, tendo algumas vezes abandonado suas apresentações pelo meio, devido a ruídos no público ou problemas técnicos com o som. Ele tinha razão e direito. Sua música, delicada, só pode ser apreciada em sua inteireza com muita atenção.
Em 1965, o disco gravado por João com o saxofonista Stan Getz rendeu o Grammy de Álbum do Ano. Quais eram os adversários diretos na disputa? Os Rolling Stones e os Beatles.
Fez parte das vozes do Brasil moderno, do despertar nacional nas décadas de 1950 e 1960, e permanecerá como um signo nacional reconhecido mundialmente.
Discografia de João
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Presidente da República homenageia João Gilberto
Quem viveu essa época, e mesmo quem não a viveu, não esquece a novidade de João Gilberto, nem o seu legado.
O cantor e compositor baiano que se instalou no Rio de Janeiro desencadeou uma revolução musical quando gravou, em 1958, «Chega de Saudade» e «Desafinado». A Bossa Nova, alegre e melancólica ao mesmo tempo, nasceu de uma vontade de, como disse João Gilberto, tirar os excessos, seguir o curso natural das coisas, dar as notas de modo a não prejudicar a poesia.
Uma voz baixa, um violão, uma batida e um sentimento poético-melódico ímpar deram à música popular brasileira um sucesso e um reconhecimento inéditos, concorrendo mesmo, na Europa e nos Estados Unidos, com os êxitos anglo-americanos das décadas do pós-guerra.
E ao lado de João Gilberto esteve toda uma geração de artistas excepcionais, como Tom Jobim e Vinicius de Moraes, enquanto inúmeros outros seguiram o caminho que ele desbravou, em 13 álbuns de originais, discos ao vivo, concertos e colaborações. «Uma vida dedicada a aperfeiçoar a perfeição», como resumiu um dos seus estudiosos.
O Presidente da República (de Portugal, claro) achou que JOÃO GILBERTO era muito mais do que «uma pessoa conhecida, meus sentimentos à família, tá OK».
Por isso, homenageou-o de verdade.
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