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17 outubro, 2018

O apelo de Thomas Mann à razão

Há 88 anos, o romancista tentou alertar o povo alemão sobre os perigos políticos após o Partido Nazista ficar em segundo lugar nas urnas. Para o Nobel de Literatura, Hitler não podia mais ser visto apenas como uma piada de mau gosto.
No dia 17 de outubro de 1930, há exatos 88 anos, Thomas Mann proferia no Beethoven-Saal, em Berlim, sua palestra intitulada Ein Appell an die Vernunft (Um apelo à razão). Ao mesmo tempo, membros da Sturmabteilung (SA), a milícia paramilitar nazista, tentavam perturbar o evento e impedir que o escritor falasse.
O contexto e impulso dessa fala do romancista alemão foi o resultado das eleições de setembro daquele ano, quando o Partido Nazista (NSDAP) conquistou 18,3% dos votos, sendo o segundo mais votado, atrás do Partido Social-Democrata (24,5%) e à frente do Partido Comunista da Alemanha (13,1%).
O escritor tinha naquele momento uma posição de grande autoridade intelectual na República de Weimar, tendo recebido em 1929 o Prêmio Nobel de Literatura. Ele já era o autor dos romances Buddenbrooks (1901) e Der Zauberberg (A Montanha Mágica, 1924). [...]

Bibliothek: O apelo de Thomas Mann à razão, por Ricardo Domeneck, DW

Os alemães não escondem o seu passado. VÍDEO (1:07)

N.do E.
O partido nazista se chamava Partido Nacional Socialista. Seu nome completo: Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (em alemão: Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei). Acreditar que o nome contenha a essência de tudo é nominalismo ingênuo. O nome pode inclusive disfarçar o seu contrário, como no Ministério da Verdade, no romance "1984", de George Orwell. Ao incorporar a palavra "socialista", procuravam os dirigentes do partido cooptar os trabalhadores nos anos difíceis da pós Primeira Guerra Mundial.
A exemplo do nome "micose fungoide", na medicina, que é muito enganador. Embora signifique frouxamente "doença fúngica com aparência de cogumelo", esta doença não é de natureza fúngica, mas sim um tipo de linfoma não-Hodgkin (neoplasma maligno). É inevitável a analogia com o nazismo.

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