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26 setembro, 2018

Um breve perfil de Savonarola (1452 — 1498)

Abaixo, um breve perfil desse florentino, segundo o historiador Richard Cavendish.
Girolamo Savonarola, frade dominicano e fanático puritano, tornou-se ditador moral da cidade de Florença quando os Medici foram expulsos temporariamente em 1494. Enviado à cidade doze  anos antes, ele construiu uma reputação de austeridade e sabedoria e tornou-se prior do convento de São Marcos (onde seus aposentos ainda podem ser visitados). Um profeta visionário e formidável pregador apocalíptico, obcecado com a maldade humana e convencido de que a ira de Deus estava prestes a cair sobre a Terra, ele detestava praticamente todas as formas de prazer e relaxamento.
Seus oponentes chamavam Savonarola e seus seguidores de "piagnoni" — chorões —, e ele desaprovava severamente piadas e frivolidades, poesias e tavernas, sexo (especialmente a variedade homossexual), jogos de azar, roupas finas, joias e luxo de todo tipo. Ele denunciou as obras de Boccaccio, pinturas de nus, imagens de divindades pagãs e toda a cultura humanística do Renascimento italiano. Pediu leis contra os vícios e a frouxidão. Ele pôs fim aos carnavais e festivais que os florentinos tradicionalmente apreciavam, substituindo-os por festas religiosas, e empregou jovens na rua como uma Gestapo júnior para farejar itens suspeitos. Na famosa "Fogueira das Vaidades", em 1497, havia mesas de jogos, maços de cartas, máscaras de carnaval, espelhos, enfeites, estátuas nuas e livros supostamente indecentes sendo queimados na rua.
Não surpreendentemente, Savonarola fez muitos inimigos poderosos. Entre eles, o papa Borgia, Alexandre VI, que tinha boas razões para se sentir desconfortável com a denúncia dominicana da devassidão e luxo da Igreja e de seus líderes e que acabou excomungando o rigoroso frade. No Domingo de Ramos, em 1498, o convento de São Marcos foi atacado por uma multidão e Savonarola foi preso pelas autoridades florentinas juntamente com dois frades que estavam entre seus seguidores mais ardentes, Frei Domenico e Frei Silvestro. Todos os três foram cruelmente torturados antes de serem condenados como hereges e entregues ao braço secular por dois comissários do papa, que viajaram diretamente de Roma com esse propósito, em 19 de maio. "Nós teremos uma bela fogueira", comentou o comissário sênior à chegada, "porque trago a sentença de condenação comigo".
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Na manhã de 23 de maio, uma multidão de florentinos se reuniu na Piazza della Signoria, onde um andaime havia sido erguido sobre uma plataforma (uma placa marca o local hoje). Uma forca foi armada para pendurar os três frades. E lenha para queimá-los foi acumulada embaixo. Algumas pessoas da multidão gritavam xingamentos para Savonarola e seus dois companheiros, que foram deixados de túnicas, com os pés descalços e as mãos amarradas, tendo antes os cabelos raspados, como era costume. Diz-se que um padre perguntou a Savonarola como se sentia com relação ao martírio que se aproximava. Ele respondeu: "O Senhor sofreu o mesmo por mim", e estas foram suas últimas palavras.
Frei Silvestro e Frei Domenico foram enforcados em primeiro lugar, lenta e dolorosamente, antes que Savonarola escalasse a escada para ocupar o seu lugar entre eles. O carrasco fez uma brincadeira cruel com ele e, em seguida, tentou atrasar sua morte para que as chamas o alcançassem antes que ele estivesse morto, mas falhou, e Savonarola morreu enforcado por volta das 10 horas. Ele tinha quarenta e cinco anos de idade. Quando as chamas engoliram os três corpos pendurados um truque do calor fez a mão direita de Savonarola se mover, de modo que ele parecia estar abençoando os espectadores. Alguns começaram a chorar, mas outros, incluindo crianças excitadas, cantavam e dançavam encantados ao redor da pira e jogavam pedras nos cadáveres. O pouco que restou dos três dominicanos foi jogado no rio Arno.

http://www.historytoday.com/richard-cavendish/execution-florentine-friar-savonarola

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