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05 julho, 2018

O doente e a entrevista imaginários

O hipocondríaco Argan
Da biografia de Molière (1622-1673), um dos mais marcantes momentos foi sua morte, que se tornou lenda.
É dito que ele morreu em 17 de janeiro de 1673, aos cinquenta e um anos, durante a encenação de uma comédia de sua autoria, ironicamente intitulada, Malade Imaginaire (O doente imaginário), em que representava o papel principal. Na verdade, Molière apenas desmaiou no palco, ou melhor, tuberculoso, teve um ataque de hemoptise, expectoração sanguinolenta através da tosse, em cena aberta. Molière, porém, insistiu em terminar seu desempenho. Mas, em seguida, desabou de novo. O público imaginou tratar-se apenas de mais uma interpretação brilhante do grande ator e aplaudiu estrondosamente, enquanto Molière se curvava de sofrimento e perdia sangue pela boca. Depois de o pano cair, Molière foi levado agonizante para a sua casa de Paris, morrendo horas mais tarde, sem tomar os sacramentos já que dois padres se recusaram a dar-lhe a última visita, e o terceiro já chegou tarde. No momento de sua morte, Molière estava vestido de amarelo, o que gerou a superstição de que esta cor traz má sorte para os atores.
Para piorar as coisas, os atores (comediantes) da época não podiam, por lei, serem sepultados no solo sagrado de um cemitério, já que o clero considerava a profissão como mera "representação do falso". No entanto, a viúva de Molière, Armande, pede a Luís XIV que interceda em favor de seu cônjuge para que lhe seja permitido um funeral normal. O rei consegue obter do arcebispo a autorização para que o enterrem, durante a noite, na parte do cemitério reservado para crianças não batizadas.
Em 1792, os seus restos mortais são levados para o Museu dos Monumentos Franceses e, em 1817, transferidos para o cemitério do Père Lachaise, em Paris, ao lado da sepultura de La Fontaine.
MOLIÈRE: A MORTE NO PALCO
Crédito a Ricardo Sérgio, Recanto das Letras

Pensamentos mortais de Jean Molière
"A morte é o remédio para todos os males, mas só devemos utilizá-lo na última hora."
"Morre-se apenas uma vez, mas por tanto tempo!"
"Eu prefiro viver dois dias na terra do que mil anos na história."
"Morreu de quatro médicos e dois farmacêuticos."
"Aqui jaz o rei dos atores. Neste momento se faz de morto e o faz muito bem."
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Em 1957, você atuou na peça "Perdoa-me por Me Traíres", de sua autoria. Não teve medo de passar vergonha por não ser um ator profissional? 
Nelson Rodrigues Absolutamente. E digo mais: só os imbecis têm medo do ridículo. Considero um soturno pobre-diabo o sujeito que não consegue ser ridículo de vez em quando. Além do mais, o ator possui uma técnica, uma tarimba, um charme, que o envaidecem. Ao morrer em cena, não conseguem esconder sua satisfação ilimitada de estar morrendo tão bem. Não lhe ocorre que o personagem morreria mal, morreria pessimamente.
OS CRETINOS FUNDAMENTAIS DESPREZAM O BRASIL

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