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20 julho, 2018

Gigantes e anões (2)

Newton escreveu a Hooke: "O que Descartes fez foi um bom passo." (...) "Se eu já vi mais, é porque estava em (pé sobre) ombros de gigantes".
A carta está na Sociedade Histórica da Pensilvânia.
Isso foi interpretado por alguns escritores como uma observação sarcástica direcionada à aparência de Hooke, que era portador de uma cifose grave. Naquele tempo, Hooke e Newton tinham um bom relacionamento e trocavam muitas cartas em tons de consideração mútua. Só mais tarde, quando o primeiro criticou algumas das idéias do segundo com relação à óptica, Newton ficou tão ofendido que se retirou do debate público. E os dois homens permaneceram inimigos até a morte de Hooke.
É quando me dou conta de que a grande ciência necessita de grandes inimigos. E me recordo das palavras de um Prêmio Nobel de Física, Murray Gell-Mann:
"Se vi mais longe do que os outros, é porque estava cercado de anões."
A metáfora de anões em pé sobre os ombros de gigantes (latino: nanos gigantum humeris insidentes) expressa o significado de "descobrir a verdade construindo sobre descobertas anteriores". Uma imagem presente na mitologia grega em que o gigante cego Orion carrega o servo Cedalion nos ombros para que este funcione como seus olhos.
No mais, aqui vão dois reparos:
A primeira frase em negrito, que se atribui frequentemente a Isaac Newton, por tê-la citado em sua carta para Thomas Hooke, é na verdade de Bernardo "Ombros de Gigantes" Camomensis, o Bernardo de Chartres, um filósofo do século 12.
Já a terceira frase em negrito, ela não é minha e sim de Dave Pacheco, um blogueiro estadunidense do século 21, que disse:
"Se eu não tenho visto tanto quanto Isaac Newton é porque eu estava sobre os ombros de uma gigante que usava uma blusa decotada."

Gigantes e anões (1)

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