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21 maio, 2018

Centro Nacional de Escutas

Fernando Gurgel Filho

Nós, brasileiros, falamos a Língua Portuguesa. Mas existem diferenças significativas no significado de algumas palavras, e isto, para alguns desavisados como eu, às vezes provoca algum constrangimento, mas que, quase sempre, nos levam depois a boas gargalhadas.
Lembro-me bem da primeira viagem que fizemos a Lisboa. Uma excursão. No restaurante, a colega na nossa mesa chamou a garçonete - por sinal, uma brasileira - e tascou a pergunta, apontando para o cardápio:
- Por favor, esses "gambás" são servidos como?
A garçonete olhou, soltou a risada e explicou:
- São "gambas". É o tradicional e saboroso "camarão", como chamamos no Brasil. Servimos fritos, etc, etc...
Silêncio geral na mesa.
Pois é. Agora, em maio/2018, fomos à Serra da Estrela, em Portugal. Um lugar belíssimo.
Um dia, resolvemos descer do hotel onde estávamos, a 1.200 metros de altura, até a cidade de Covilhã, cerca de 450 metros de altitude.
Foi uma das caminhadas mais bonitas que já fizemos. E a mais dolorida.
No meio do caminho há um local para piquenique e descanso dos caminhantes. Tirando fotos, notei uma placa do outro lado da estrada onde se lia: "Centro Escutista Serra da Estrela" e, logo abaixo, "Centro Nacional de Escutas Agrupamento nº 20 Covilhã".
Como se tratava de uma serra, pensei tratar-se de algum local para monitoramento de atividades sísmicas. Ou coisa parecida.
Quase em frente ao local havia um senhor colocando água em um tambor. Curioso, fui até ele:
- Bom dia, por favor, o senhor conhece este local?
- Bom dia, conheço um pouquinho, pois nasci aqui. Precisa de ajuda?
- O que é que se escuta neste "Centro de Escutas"?
- Desculpe, não percebi. (Tradução: "Desculpe, não entendi")
- Ali na placa diz tratar-se do "Centro Nacional de Escutas". Eles escutam o quê? Atividades sísmicas?
Juro que o senhor - português com certeza - não soltou a risada. Respondeu muito sério:
- Ah, ali? É de "escuteiros".
- Agora, quem não percebeu fui eu, falei na gozação.
- Escoteiros como chamam no Brasil.
- Ahhhh. Entendi. Obrigado. Tchau.
E levei meu constrangimento para o outro lado da estrada.

Fernando,
Aditei foto. No Brasil e em Portugal, quem mata a cobra mostra o pau. PGCS

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