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21 novembro, 2017

Tele picaretas

O telefone toca insistentemente. Mesmo sabendo que pode ser vendedor(a) de alguma empresa que não se preza nem ao consumidor, a senhora atende:
- Alô!
- Alô, boa tarde, gostaria de estar falando com o Senhor X.
- É sobre o quê, minha filha?
- A semana passada eu conversei com ele e fiquei de estar apresentando uma nova proposta de contrato da nossa TV a cabo. É um combo.
A senhora interrompeu, fingindo-se assustada:
- Falou com ele a semana passada? Como você conseguiu, minha santa!
- Liguei para este número e ele atendeu.
- Você deve ser uma pessoa muito especial.
- Mas ele atendeu, foi muito educado e pediu-me para estar apresentando o nosso produto...
- Pois é, filha, eu moro aqui e nunca mais consegui falar com ele. Gostaria tanto de ouvir a voz dele!
- Desculpe, minha senhora, ele não mora mais aí?
- Mora não, minha santa, desde que morreu, há uns seis anos...
Plaft, telefone abruptamente desligado na fuça da cliente.

Fernando Gurgel

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