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18 novembro, 2017

"Cão Fila Km 26"

Imagem: veio daqui
Há bordões que por uma razão, ou outra, marcam definitivamente. "Ponha um tigre no seu carro" se referindo à gasolina dos postos Esso. "Maria sai da lata" se referindo ao óleo "Maria", (*) do avô do meu amigo Laodse de Abreu Duarte. Ou a famosa pichação, dos anos 60 e 70 nos muros e nas estradas paulistas: "Cão Fila Km 26" feitas pelo lendário criador de cachorros desta raça, Antenor Lara Campos, o Tozinho, que morreu com 87 anos, em 2012. Contava, em meio a muitos palavrões, achando graça, suas aventuras com essas pichações. Chegou a ser preso pelo militares que imaginaram pudesse ser a sigla de algum comando comunista. Tozinho morava na Estrada do Alvarenga, em São Bernardo, num sítio de 30 mil m², banhado pela represa Billings. O Km 26, que aparecia na inscrição, segundo Tozinho, não existe. "A estrada termina no Km 25. Aumentei um por minha conta." Mas nada o impediu de pichar, pessoalmente, usando uma camionete fornida de tinta, de São Paulo a Manaus. Tanto sucesso só se compara às pichações das casas Pernambucanas. Era um tempo em que não havia ainda os grafiteiros, e foram essas suas primeiras pichações escritas em pedras, porteiras, tronco de árvores, casas abandonadas, carcaça de automóveis, nas cidades e ao longo das estradas, muito poucas pavimentadas, àquela época, que mostraram a força da propaganda. "Cão Fila Km 26" chegou a ganhar premio de uma associação de publicidade e marketing. Tozinho nunca foi receber o premio em dinheiro com medo de ser preso e obrigado a pagar multa maior do que o premio.
http://elunardelli.blogspot.com.br/2014/04/aqui-ha-otis.html

(*) No Ceará, corresponderia à Neguinha do Pajeú, estampada na lata do óleo de cozinha Pajeú, personagem de um produto da Siqueira Gurgel que se  transformou em uma expressão bastante usada pelos cearenses para designar uma pessoa sapeca e sem modos. N. do E.

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