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21 setembro, 2017

Leitura da natureza

Na Alemanha, onde a moderna silvicultura (1) começou, um curioso novo tipo de literatura surgiu no século 18:
"Alguns entusiastas pensaram em ir além dos volumes botânicos que meramente ilustravam a taxonomia das árvores. Em vez disso, os próprios livros deveriam ser fabricados a partir da matéria em questão, de modo que o volume do Fagus, (2) por exemplo, a faia comum européia, teria como capa a casca desta árvore. E seu interior conteria amostras de castanha e sementes de faia, e suas páginas seriam literalmente suas folhas."
Isso está no "Paisagem e Memória" (1995), de Simon Schama. (3) Estas xilotecas, ou repositórios de madeira, cresceram em todo o mundo desenvolvido - e a maior delas, na Escola Florestal Florestal da Universidade de Yale, EUA, possui um acervo na casa das 60.000 amostras. (4) "Mas os livros de madeira não eram um puro capricho, um bom trocadilho sobre o significado do cultivo", escreve Schama. "Ao prestar homenagem à matéria vegetal de que ela e toda a literatura foi constituída, a biblioteca de madeira fez uma declaração deslumbrante sobre a necessária união da cultura com a natureza".
https://www.futilitycloset.com/2017/05/03/nature-reading/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Xiloteca

N. do E.
(1) Ciência que se dedica ao estudo dos métodos naturais e artificiais de regenerar e melhorar os povoamentos florestais e que compreende o estudo botânico das espécies, além da identificação, caracterização e prescrição da utilização das madeiras.
(2) Gênero que agrupa 10 espécies de árvores nativas das zonas temperadas da Europa, Ásia e América do Norte, conhecidas pelo nome comum de faia.
(3) Neste livro, Schama busca identificar a mitologia da natureza no Ocidente em suas várias manifestações; uma análise detalhada das significações atribuídas à paisagem natural em diversas épocas e lugares, mostrando o que se conserva e o que se perde, na visão culturalmente herdada da natureza.
(4) No Brasil, as maiores xilotecas ficam em São Paulo (17.000 amostras) e Rio de Janeiro (8.000 amostras).

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