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07 julho, 2017

O gentílico brasileiro

Várias são as versões acerca da origem do gentílico "brasileiro". A mais aceita diz que, inicialmente, a palavra referia-se àquele que ia do Brasil para a Europa com o objetivo de comercializar o pau-brasil. E faz sentido, uma vez que usamos na língua portuguesa o sufixo "eiro" para designar inúmeras profissões: açougueiro, sapateiro, ferreiro, livreiro, tintureiro, barbeiro, torneiro, carpinteiro, garimpeiro, seringueiro etc.
Os habitantes naturais do Brasil são denominados brasileiros, cujo gentílico é registrado em português a partir de 1706 e que, como já foi dito, inicialmente se referia  apenas aos que comercializavam pau-brasil. Entretanto, foi apenas em 1824, na primeira constituição brasileira, que o gentílico "brasileiro" passou legalmente a designar as pessoas naturais do Brasil. O que surpreende é que o primeiro registro não seja mais antigo. A extração do pau-brasil foi a primeira coisa a que os portugueses se dedicaram no Brasil, mas que foi logo suplantada pelo negócio do açúcar assim que a colonização começou a sério, em meados de quinhentos,
Há ainda a possibilidade do uso de outros gentílicos, como "brasiliano", "brasílico" e "brasiliense", conforme consigna o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), para designar os naturais do Brasil. Quanto a "brasiliense", este só convém ser aplicado aos brasileiros nascidos em Brasília, com a finalidade de evitar confusão.
(O VOLP também traz o depreciativo "brasileirote", brasileiro sem importância.)
O sufixo "eiro", que é extremamente comum na língua portuguesa, serve também para formar desde nome de plantas, como tomateiro, até adjetivos abstratos, como prazenteiro (da antiga palavra prazente, agradável). Mas entre todos os países do planeta, o Brasil é o único cujo adjetivo nacional é formado com este sufixo. Enquanto outros países apresentam seus gentílicos com sufixos em "ês" (francês), "ano" (cubano), "ão" (alemão), "avo" (iugoslavo), "ino" (argentino), "eno" (chileno), "ense"(canadense), "enho" (panamenho), "ita" (israelita), "eco" (guatemalteco) e  "ol (espanhol)", entre outros.
(Somente uma língua artificial poderia resolver toda essa mixórdia.)
Portanto, o termo "brasileiro", com origem na profissão de brasileiro (comerciante de pau-brasil) constitui uma, digamos, exceção gramatical. Outras acontecem com o Estado de Minas Gerais, cujo gentílico é "mineiro" (trabalhador de minas), e com o município de Campinas-SP, cujo gentílico é "campineiro" (trabalhador do campo). O que evita deste modo, no último caso, "adotar o erudito campinense para não tomar tradições que pertence legitimamente à cidade de Campina Grande-PB".
Paulo Gurgel
Fontes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasileiros
http://eusoubrasiliano.blogspot.com.br/
http://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario
hhttps://campinasnostalgica.wordpress.com/2014/04/24/campineiro-ou-campinense-eis-a-questao/

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