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10 fevereiro, 2017

Levantem-se como leões

E de La Boétie (que escreveu aos 18 anos, em 1548, um pequeno grande livro chamado “Servidão Voluntária”) vamos para Percy Shelley, o grande poeta inglês da era da Revolução Industrial.
Shelley não era apenas um mestre na arte de juntar palavras. Era um ativista, um homem inconformado com a desigualdade social de seu tempo.
Shelley ficou tocado, em 1819, com o que passou para a história como o “Massacre de Peterloo”, em Manchester.
Manifestantes – alguns falam em 50 000, outros em 150 000 — se juntaram no centro da cidade para pedir coisas como o sufrágio universal. Naqueles dias, apenas 3% dos ingleses podiam votar – os ricos, naturalmente.
A polícia dissolveu o encontro brutalmente. Montados em cavalos, espadas nas mãos, policiais investiram contra as pessoas. Foram dez minutos de derramamento de sangue, ao fim dos quais 500 manifestantes estavam feridos. Houve pelo menos quinze mortes.
Inspirado pelo massacre, Shelley escreveu:
Rise like lions after slumber
In unvanquishable number
Ye are many – they are few.
Coloquemos assim:
Levantem-se como leões depois de dormir
Num número que ninguém haverá de destruir
Vocês são muitos – eles são poucos.
Grande Shelley, o poeta dos humilhados e ofendidos, a voz lírica dos desfavorecidos.
Que ele e La Boétie nos inspirem algum dia.

Paulo Nogueira, DCM
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-o-povo-brasileiro-aceita-tao-passivamente-as-barbaridades-da-plutocracia-por-paulo-nogueira/

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