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12 agosto, 2016

O poeta, segundo Wislawa Szymborska

O poeta, independentemente da educação, idade, sexo e gostos, permanece no fundo do próprio coração como um herdeiro espiritual da humanidade primitiva. As explicações científicas do mundo não o impressionam muito. Ele é um animista e um fetichista, que acredita nos poderes secretos que dormem em todas as coisas, e está convencido de que pode agitar essas forças com a ajuda de algumas palavras bem escolhidas. O poeta pode até ter sete distinções cum laude –, mas no momento em que ele se senta para escrever um poema, o seu uniforme acadêmico racionalista começa a apertá-lo. Ele se contorce e sibila, desprende-se o primeiro botão, depois outro, e, finalmente, ele pula para fora de sua roupa, completamente, e se apresenta como o que é: um selvagem com uma argola no nariz. Sim, sim, um selvagem. De que outra forma você pode chamar uma pessoa que fala em versos para os mortos e os não-nascidos, as árvores, os pássaros, e até mesmo para as lâmpadas e as pernas de uma mesa, exceto, talvez, de um idiota?
Maria Popova, Brains Pickings

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