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06 julho, 2016

O homem que refutou o racismo científico

AJAY KAMALAKARAN, GAZETA RUSSA — Em meados do século 19, quando o poder expansionista europeu estava no seu auge, antropólogos e a fraternidade científica no Ocidente produziam ensaios racistas para justificar a escravidão e o colonialismo. O cientista Nikolai Miklukho-Maklay (gravura), nascido na atual região russa de Novgorod, estava na vanguarda contra tais teorias.
"Os europeus só acreditavam nos valores de liberdade, igualdade e fraternidade para outros europeus, enquanto, ao mesmo tempo, propagavam teorias sobre a existência de uma 'raça superior' ou um conceito de 'seleção natural' segundo o qual negros teriam sido feitos para servir o homem branco", diz a antropóloga Dhara Wettasinghe, do Sri Lanka, que estuda a obra de Miklukho-Maklay há alguns anos.
O cientista russo havia sido inspirado por Charles Darwin e trabalhou como assistente para o grande cientista alemão Ernst Haeckel. "Foi durante suas viagens com Haeckel, que também tinha opiniões racistas, que Miklukho-Maklay prometeu a si refutar as teorias de supremacia", conta Wettasinghe, acrescentando que sua bondade teria promovido a simpatia de pessoas pelos lugares onde passava.
"Os moradores do Sri Lanka, então Ceilão, deram-lhe um segundo sobrenome, que basicamente significa uma 'pessoa benevolente'."
Foi na Universidade de Jena, na Alemanha, que o estudante de ciências humanas, medicina e zoologia Miklukho-Maklay conheceu Haeckel. Em 1866, quando tinha apenas 20 anos, embarcou com o alemão para uma expedição nas Ilhas Canárias.
"Essa viagem teve um profundo impacto em sua vida. Ele também viajou com Haeckel a vários outros países antes de sair por conta própria em expedições a lugares como Tailândia, Indonésia e Malásia", diz Wettasinghe. Porém, enquanto seu mentor, Haeckel, acreditava que certas raças eram culturalmente inferiores, Miklukho-Maklay se empenhou para provar justamente o contrário.
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Artigo enviado pelo colaborador Jaime Nogueira, acrescido do seguinte comentário: "Pena que Dom Pedro II preferiu os conselhos do Conde de Gobineau".

N. do E.
Joseph Arthur de Gobineau nasceu de família comum, com poucas posses, em 14 de julho de 1816. Mais tarde, criaria para si uma falsa genealogia que o colocaria como membro de uma família aristocrática, passando a se fazer conhecer pelo título nobiliárquico adotado de "Conde de Gobineau".
Vivendo em Paris, a partir de 1835, tornou-se funcionário público como secretário do escritor Alexis de Tocqueville, nomeado ministro, em 1849. Como diplomata, Gobineau serviu em Berna, Hanôver, Frankfurt, Teerã, Rio de Janeiro e Estocolmo.
Tinha pretensões artísticas, havendo tentado ser escultor e romancista. Mas se celebrizou ao escrever o "Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas" (1855), seu livro mais famoso, um dos primeiros trabalhos sobre eugenia e racismo publicados no século XIX.
Segundo ele, a mistura de raças (miscigenação) era inevitável e levaria a espécie humana a graus sempre maiores de degenerescência física e intelectual. É-lhe atribuída a frase:
" Não creio que viemos dos macacos mas creio que vamos nessa direção."
Sua segunda missão diplomática foi no Brasil, onde chegou em 1869, enviado por Napoleão III. Nunca escondeu sua animosidade para com o país, que deixou um ano depois (1870]. Travou amizade com o imperador Pedro II que, mesmo sem compartilhar muitas de suas idéias[carece de fontes], manteve uma amizade epistolar durante muitos anos depois de sua partida do Brasil.
Não conseguiu ver com bons olhos nenhum aspecto da sociedade brasileira, a não ser seus encontros com D. Pedro II. Para ele o Brasil não tinha futuro, país marcado pela presença de raças que julgava inferiores. A mistura racial daria origem a mestiços e pardos degenerados e estéreis. Esta característica já teria selado a sorte do país: a degeneração levaria ao desaparecimento da população. A única saída para os brasileiros, seria o incentivo à imigração de "raças" europeias, consideradas superiores.
Mas se, em vez de se reproduzir entre si, a população brasileira estivesse em condições de subdividir ainda mais os elementos daninhos de sua atual constituição étnica, fortalecendo-se através de alianças de mais valor com as raças europeias, o movimento de destruição observado em suas fileiras se encerraria, dando lugar a uma ação contrária. — Joseph Arthur de Gobineau
Além de Gobineau, o naturalista Louis Agassiz foi outro que representou o ponto de vista do racismo científico (racialismo).

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