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10 julho, 2016

Auto de Fé

Em Auto de Fé, Elias Canetti, descreve o auge da humanidade em sua mais sórdida crueza.
Para isto nos mostra, desde um intelectual cujo único objetivo é o conhecimento pelo conhecimento, desprezando todos os outros seres humanos, por quem manifesta verdadeira ojeriza, até um cego que não é cego e que faz apologia da boa conduta humana, condenando aqueles que lhes dão botões ao invés de moedas, passando por um anão corcunda, ladrão convicto, que sempre devolve o dinheiro do patrão, quando este dinheiro vem parar nas suas mãos, porque quer ganhá-lo "honestamente", ou seja, ludibriando o patrão.
Elias Canetti parece saber muito de humanidade e, quiçá, de Brasil. Sem nunca conhecê-lo. Porque, mesmo não sendo brasileiros, basta fechar os olhos para vê-los nas avenidas com suas bandeiras e camisas verde-amarelas, gritando contra a corrupção, a roubalheira e a falta de ética. Dos outros, claro.
Para azar nosso, esses brasileiros, que se dizem mais cultos e educados, são muito piores que isto.
Para sorte do leitor o livro é muito mais - e muito mais mesmo - que isto.
Fernando Gurgel

Elias Canetti (1905 - 1994) foi um judeu búlgaro de nome italiano e origem espanhola, que viveu na Inglaterra e escrevia em alemão. Recebeu o Nobel em 1981, tendo iniciado sua carreira literária com seu único romance, este Auto de Fé (publicado pela primeira vez em Viena, ma Áustria, em 1935). Depois, produziu ensaios e algumas peças teatrais.

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