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06 maio, 2016

La commedia è finita

por JOÃO SEM VINTÉM
Vivi, quando te amei, como um danado
Tão seduzido pelo teu dinheiro
Que o teu amor, fingido ou verdadeiro
Foi cousa que jamais me deu cuidado.

Eu bem sei que o casório planejado
Desta vez, não ficava no tinteiro,
Se eu não fosse dizer, ao mundo inteiro,
Quantos anos te pesam no costado.

Foi por isso que tu, altivamente
Deste o fora na minha pretensão
E saíste da sala, incontinente.

Não lamento o remate da questão:
Antes pobre viver, eternamente
Do que rico e casado com um canhão.

Soneto publicado em 1923, no semanário A Pilhéria, nº 85. Fonte: acervo de publicações digitalizadas da Fundaj - Fundação Joaquim Nabuco. Aqui transcrito para a ortografia atual.

A Pilhéria
Impresso na tipografia do Jornal do Recife, este periódico humorístico surgiu em setembro de 1921. Com charges políticas e caricaturas, trazia também informações sobre vida social, cultural, literatura, moda feminina e esportes. Retratava aspectos da vida cotidiana e registrava as mudanças ocorridas nos hábitos, nos costumes e na paisagem social e urbana do Recife. Publicou diversas edições especiais, principalmente de Natal, Ano Novo e Carnaval. Contou com a colaboração do caricaturista J. Ranulfo, João Rialto (pseudônimo de Edigar Barbosa de Barros, poeta humorístico d'A Careta, publicada no Rio de Janeiro), dos poetas e escritores Austro Costa, Ascenso Ferreira, Mauro Mota, Álvaro Lins, Mário Sette entre outros.

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