Páginas

04 dezembro, 2015

Sergio Günther, o irmão alemão do Chico

1
Entrevista
Sobre uma mesa repousa o novo romance do artista, "O Irmão Alemão" (Companhia das Letras). Nele, Chico (1944) narra seu choque ao saber, já adulto e de forma inesperada, que seu pai, o famoso historiador Sérgio Buarque de Hollanda, teve um filho na Alemanha, em 1930, quando era correspondente em Berlim para um jornal brasileiro. Nem Chico sabia até então que tinha um irmão na Alemanha, nem esse irmão alemão jamais soube que era parente de um dos cantores mais famosos do Brasil já que morreu, em 1981, ignorando quase tudo sobre seu pai biológico. O escritor disfarça um pouco os fatos, mas nas páginas do romance desfila a São Paulo dos anos sessenta e setenta, menos gigante e desumana do que a atual, e sua própria juventude um pouco desregrada. Também emerge a ditadura sinistra, à qual Chico se opôs desde o início e que o levou a buscar o exílio, em 1969. Mas, acima de tudo, revela a casa da família, repleta de cima a baixo com livros de seu progenitor. Era um pai amável, mas distante, carinhoso, mas distraído, e um pouco ausente, sempre imerso em leituras intermináveis e envolto em uma nuvem de fumaça de um cigarro continuamente aceso. No romance, o protagonista, um sósia do próprio Chico, enquanto folheia um dos livros da imensa biblioteca do pai, nota um envelope perdido entre as páginas que guarda uma velha carta em alemão, que lhe dá pistas sobre aquele irmão que nunca conheceu. Na verdade, a descoberta não foi tão literária.
Pergunta. Quando soube que tinha um irmão?
Resposta. Soube exatamente em 1967, quando tinha 23 anos. Lembro-me muito bem, inclusive há uma foto desse dia. Vinicius de Moraes, Tom Jobim e eu fomos visitar o poeta Manuel Bandeira, que já estava muito velhinho, em sua casa no Rio. E, então, falando disso e daquilo, Bandeira perguntou por meu pai, de quem era muito amigo: "Como o Sérgio está? Ah, quanto tempo não o vejo, vivemos tantas coisas juntos... Foi para a Alemanha, teve aquele filho...”. E aí soltou isso.
P. O que você fez?
R. Então lhe disse: "Mas que filho?". E aí o Vinicius respondeu: "Mas você não sabia disso, do filho?". E eu: "Não". Eu não sabia nada. Era um segredo de família. Depois daquele dia, falei com meus irmãos e com meu pai. Falei com o meu pai, sim, mas sempre havia uma barreira na hora de perguntar a ele. Escrevendo este novo livro me questionei por que não perguntei mais. Mas havia um receio, um impedimento. Não é que meu pai tenha me proibido de perguntar sobre a questão do filho, mas me sentia um pouco desconfortável sobre o assunto. [...]
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/05/22/cultura/1432308262_225624.html (Antonio Jiménez Barca)
2
Comentários
A leitura de trechos de seu último romance "O Irmão Alemão" (Companhia das Letras), e as imagens do músico em Berlim investigando a vida de seu irmão, também cantor, servem de fio condutor à boa parte do filme "Chico  - Artista Brasileiro". A longa também deixa claro que o interesse de Chico em conhecer seu irmão escondia a ânsia de se aproximar também de seu inconquistável pai. Emociona ver o cantor correndo até a câmera em uma rua de Berlim e contar que acabava de descobrir que sua música "A Banda", de 1966, de seu primeiro álbum, também foi traduzida ao alemão. “Meu irmão me conheceu!”, diz, com a alegria de uma criança.
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/02/cultura/1443815052_726823.html (María Martín)
O título do filme "Chico – Artista Brasileiro" foi inspirado no último verso da canção "Paratodos": "O meu pai era paulista; meu avô, pernambucano; o meu bisavô, mineiro; meu tataravô, baiano; vou na estrada há muitos anos; sou um artista brasileiro".
http://blogdopg.blogspot.com.br/2010/11/paratodos.html
http://blogdopg.blogspot.com.br/2015/10/chico-artista-brasileiro.html
(...) o filme revela um Chico no auge da maturidade a nos transmitir valores filosóficos da vida. No final de um ano de tantas agruras e tantos percalços o filme do Chico Buarque foi o bálsamo que me fez levitar de emoção.
http://anamargarida-memorias.blogspot.com.br/2015/11/uma-tarde-no-cinema.html (Ana Rosemberg)
3
Vídeos c/ Sergio Günther
https://youtu.be/qvMHtWkMCXE (voz)
https://youtu.be/4SaZOeLDQmk (imagem)
https://youtu.be/KHHbV5C-Gpo (voz)

Sérgio Günther. o irmão alemão do Chico. Reprodução da internet
4
Sala e horários em Fortaleza
Cinépolis RioMar Vip 14h10 e 19h20

Nenhum comentário:

Postar um comentário