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15 agosto, 2015

Minha "preciosidade"


Revirando meus livros, porque uma prateleira despencou, dei de cara com uma das "preciosidades" que guardo com carinho. Uma gramática de Gaspar de Freitas, de 1937, "Lições praticas de Grammatica Portugueza", "De accordo com os ultimos programmas do Exame de Admissão ao Curso Secundario". Tudo escrito assim mesmo.
Apesar de ter feito o Exame de Admissão em 1962, juro que utilizei essa coisa pra estudar gramática. Não sei como consegui sequer aprender algo com aquilo.
Além de completamente ultrapassada, parecia que estava estruturada para desencorajar qualquer estudante que porventura tivesse um mínimo de interesse em aprender algo da língua materna.
Alguém já ouviu falar em canaz, fatacaz, façoila, feanchão, fradalhão, fradegão, lobaz, truanaz???
Alguém, em toda a vida, já viu alguma dessas palavras escritas em qualquer um dos milhões de livros escritos em lingua portuguesa? Ou traduzidos para?
Alguém, em toda a vida, já ouviu alguém falar, ou sequer mencionar, alguma dessas palavras?
Creio, com sinceridade, que, nem os mais antigos de nós, poderia responder "sim" a essas perguntas. Por uma única razão: são palavras que nos ensinavam como aumentativo de alguma coisa, nas boas e, nem tanto, gramáticas que nos eram esfregadas nas nossas fuças, mas que nunca seriam usadas. À época do aprendizado já intuíamos que aquilo era letra morta, não iria nos servir para nada. Absolutamente nada na vida.
Será que, atualmente, o ensino de português mudou alguma coisa? Ou continua transmitindo essas trevas linguísticas inúteis?

Fernando Gurgel Filho

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