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05 dezembro, 2014

O verão que não verão

Fernando Gurgel
As hienas rodeiam, riem nervosas,
Os urubus observam, pendurados no arame armado...
No solo calcinado, o calor, a poeira, o sol a pino,
As saúvas procuram um ramo verde para derrubar,
À volta, galhos ressequidos...
Aos necrófagos, falta-lhes a carniça,
O corpo em decomposição, putrefato, onde o verme faz a festa.
Para matar a presa e sobrar-lhes a carniça,
Falta-lhes o leão, o guepardo
Falta-lhes aquele a quem devem a vida, a carniça,
A quem devem obediência,
Resta-lhes rondar, rir nervosos, se pendurar,
Sobra-lhes o lixão, para fuçar os restos.

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