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04 novembro, 2014

É meu dever dizer aos jovens o que é um Golpe de Estado

Hildegard Angel
Há cheiro de 1964 no ar. Não apenas no Brasil, mas também nas vizinhanças. Acho então que é chegada a hora de dar o meu depoimento.
Dizer a vocês, jovens de 20, 30, 40 anos de meu Brasil, o que é de fato uma ditadura.
Se a Ditadura Militar tivesse sido contada na escola, como são a Inconfidência Mineira e outros episódios pontuais de usurpação da liberdade em nosso país, eu não estaria me vendo hoje obrigada a passar sal em minhas tão raladas feridas, que jamais pararam de sangrar.
Fazer as feridas sangrarem é obrigação de cada um dos que sofreram naquele período e ainda têm voz para falar.
Alguns já se calaram para sempre. Outros, agora se calam por vontade própria. Terceiros, por cansaço. Muitos, por desânimo. O coração tem razões…
Eu falo e eu choro e eu me sinto um bagaço. Talvez porque a minha consciência do sofrimento tenha pegado meio no tranco, como se eu vivesse durante um certo tempo assim catatônica, sem prestar atenção, caminhando como cabra cega num cenário de terror e desolação, apalpando o ar, me guiando pela brisa. E quando, finalmente, caiu-me a venda, só vi o vazio de minha própria cegueira.
Meu irmão, meu irmão, onde estás? Sequer o corpo jamais tivemos.
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Em 28 de outubro, dois dias após a vitória de Dilma, uma ala da direita nacional golpista, descontente com o resultado da eleição, deu início a uma petição em que cobrava o posicionamento de Barack Obama sobre a "expansão do comunismo no Brasil". (1)
Nesta segunda-feira, 3, a petição pública contra a reeleição de Dilma Rousseff atingiu mais de 100 mil assinaturas. (2)
Em resposta a esta petição, apresentada na página We The People, a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília lembrou que a Casa Branca já se manifestou sobre as eleições no Brasil "ao publicar uma declaração parabenizando a presidente Dilma Rousseff por sua reeleição" (leia aqui). O texto divulgado pelo governo estadunidense diz inclusive que "o Brasil é um importante parceiro para os Estados Unidos e que estamos empenhados em continuar a trabalhar com a presidente Dilma Rousseff a fim de fortalecer as nossas relações bilaterais".
A página We The People foi criada durante o governo Obama, para que os estadunidenses pudessem criar petições com demandas ou sugestões acerca de assuntos de interesse nacional. E, se a petição alcança um volume expressivo de assinaturas, a Casa Branca emite um posicionamento oficial sobre o assunto. (3)

(1) O Tea Party não se cansa de chamar Mr. Obama de comunista.
(2) Mais de 100 mil traidores da Pátria! Pedir o posicionamento do governante de uma nação estrangeira nos assuntos internos do Brasil foi, é e será um ato lesivo à soberania nacional. E agora pouco eficaz, pois o embaixador Lincoln Gordon já morreu. 
(3) Como, por exemplo, aconteceu com a petição da Estrela da Morte.

Intervenção militar
"Respeito a democracia e qualquer utilização dessas manifestações no sentido de qualquer tipo de retrocesso à democracia (tentativa de impeachment da presidente Dilma) terá a nossa mais veemente oposição." ~ Aécio Neves

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