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21 agosto, 2014

As formigas de Maria

No Espírito Santo (Estado), sucessivas gerações de formigas cortadeiras que residem na casa de dona Maria Aparecida continuam dando o que falar.
São milhares de desenhos que lembram uma santa (Nossa Senhora das Lágrimas), com manto, coroa e terço, e que se acompanham de salmos, mensagens religiosas e outras exortações, que as formigas desenham e/ou escrevem nas folhas das árvores. (►)
E muitas histórias de graças alcançadas por quem frequenta ou chega àquela casa em momento de desespero. Como o caso da criança Gabriela, que sofria de convulsões e foi miraculosamente curada após ser levada ao "Lar das Formigas Bordadeiras".
Este assunto foi trazido à baila pela edição de 15/08/14 do Globo Repórter (vídeo). Mas, em verdade, elas fazem esses desenhos legendados desde a década de 1980.
Leiam, por exemplo, um trecho de um artigo da bióloga Eliane Evanovitch, escrito em 2007 (após a sua participação em um programa de debates na televisão local), e transcrito no Jornalísticamente Falando..., de Aurélio Moraes:
"Formigas apresentam mandíbulas cortadeiras e não fazem furos como mosquitos que atravessam as nossas peles. Parece que a fé de muitos dos presentes era de fato inabalável, como sempre repetia o apresentador, pois mesmo “PAZ” escrito com “S” não convenceu algumas pessoas a perceber a grosseira fraude."
Entrevistado pelo Globo Repórter, Marcelo Teixeira Tavares, professor da Universidade Federal do Espírito Santo, também observou que não há condições de que as formigas cortadeiras produzam esse tipo de perfuração nas folhas. É que o furos têm o formato de uma circunferência perfeita e tudo indica que foram produzidos por um objeto cilíndrico pontiagudo.
Traduzindo: alfinete.
O implacável Ceticismo.net foi outro que também alfinetou:
"Como sempre, a ICAR não diz que é milagre, mas não faz nada contra. Lava as mãos e... deixa pra lá. Afinal, enquanto o pessoal estiver indo pro santuário (da Nossa Senhora das Lágrimas), não estará frequentando a IURD."
Uma honrosa exceção, a meu ver, tem sido o parapsicólogo Padre Quevedo. Em 2007, no mesmo debate que aconteceu na televisão, ele foi peremptório:
- Isso "non ecziste"!

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