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07 setembro, 2013

O raio da morte de Arquimedes

Luz solar refletida por edifício derrete carro
Um homem se queixou de que um arranha-céu londrino recém-construído derreteu partes de seu Jaguar (VÍDEO), o qual estava estacionado em uma rua próxima. Aparentemente, o problema foi causado pela luz solar ao ser refletida do edifício para o carro. De acordo com a  BBC News, a construtora prometeu pagar os reparos no veículo e a prefeitura da cidade, como medida de precaução, interditou três vagas de estacionamento enquanto aguarda as conclusões da investigação.
Será que isso é verdade mesmo?
Eis aqui qual foi a conclusão do E-FARSAS.


O raio da morte de Arquimedes
Luciano de Samósata, escritor do século II, escreveu que durante o cerco a Siracusa (214–212 a.C.), Arquimedes destruiu navios inimigos com fogo. Séculos depois, Antêmio de Trales menciona espelhos ustórios como a arma utilizada por Arquimedes. O dispositivo, chamado de "raio de calor de Arquimedes" , teria sido usado para concentrar a luz solar em navios que se aproximavam, levando-os a pegar fogo.
A credibilidade desta história tem sido objeto de debate desde o Renascimento. René Descartes a considerou falsa, enquanto pesquisadores modernos tentaram recriar o efeito, usando apenas os meios que estavam disponíveis a Arquimedes. Foi sugerido que uma grande quantidade de escudos bem polidos de bronze ou cobre atuando como espelhos poderiam ter sido utilizados para concentrar a luz solar em um navio. Poderia ter-se usado o princípio do refletor parabólico de maneira similar a um forno solar de alta temperatura.
Um teste do raio de calor de Arquimedes foi realizado em 1973 pelo cientista grego Ioannis Sakkas. O experimento foi realizado na base naval de Skaramangas nos arredores de Atenas. Nesta ocasião 70 espelhos foram usados, cada um com um revestimento de cobre e com um tamanho de aproximadamente 1,5 por 1 m. Os espelhos foram apontados para uma réplica de um navio romano, feito de madeira compensada, a uma distância de aproximadamente 50 metros. Quando os espelhos foram enfocados com precisão, o navio irrompeu em chamas em questão de poucos segundos. O navio de madeira compensada era revestido por tinta de betume, o que pode ter facilitado a combustão.
Em outubro de 2005, um grupo de estudantes do MIT conduziu um experimento com 127 espelhos quadrados com lados de 30 cm, focados em uma maquete de navio de madeira a uma distância de cerca de 30 m. Chamas surgiram em uma parte do navio, mas só depois de o céu estar sem nuvens e o navio ter permanecido estacionário por cerca de dez minutos. Concluiu-se que o dispositivo era uma arma viável nessas condições. O grupo do MIT repetiu a experiência para o programa de televisão MythBusters, utilizando um barco pesqueiro de madeira em São Francisco como o alvo. Novamente alguma carbonização ocorreu, juntamente com uma pequena quantidade de chamas. Para pegar fogo, a madeira precisa atingir a sua temperatura de autoignição, que é de cerca de 300 °C.
Quando os MythBusters transmitiram o resultado do experimento de São Francisco, em janeiro de 2006, a afirmação foi categorizada como mentira ("mito detonado") devido à duração do tempo e as condições climáticas ideais necessárias para a combustão ocorrer. Também foi salientado que, como Siracusa vê o mar a leste, a frota romana teria de ter atacado durante a manhã para um ótimo acúmulo de luz usando-se os espelhos. Os MythBusters também salientaram que um armamento convencional, como flechas em chamas ou, ainda, catapultas, seriam uma maneira mais fácil de incendiar um navio a curta distância.
Em dezembro de 2010, os MythBusters (VÍDEO) tentaram novamente reproduzir a história do raio de calor em uma edição especial, com Barack Obama em destaque, intitulada "President's Challenge" (O Desafio do Presidente).  Vários experimentos foram realizados, incluindo um teste em larga escala com 500 crianças escolares mirando espelhos em uma maquete de um barco romano a 120 m de distância. Em todos os experimentos, a vela não alcançou os 210 °C  necessários para que pegasse fogo, e o veredito foi novamente o de "detonado". O programa concluiu que o efeito mais provável dos espelhos teria sido: cegar, ofuscar, ou distrair a tripulação do navio.

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