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09 agosto, 2013

Anedotário do EM - 2

Emílio de Menezes deixou um rastro de anedotas, ainda não recolhidas com o devido cuidado histórico. É possível que algumas nem tenha sido criadas ou vividas pelo poeta e a comunicação oral já tenha aumentado mais alguns pontos nas sucessivas narrações. Mas as que aqui transcrevemos têm o sabor do humor emiliano.

V
O poeta visitava uma exposição agrícola e deteve-se a examinar alguns exemplares de espigas de milho, no pavilhão de cereais. Aparece a seu lado um amigo espirituoso que, sabendo das qualidades de Emílio como trocadilhista, quis antecipar-se e disse:
— É milho!…
Emílio nem sequer sorriu pela blague a ele dirigida e logo respondeu:
— Hum, estás com a veia, hoje?
O humorista improvisado percebeu que não poderia concorrer com a veia cômica de Emílio e fez menção de despedir-se e sair de fininho. Mas o poeta o interceptou:
— Não, não se evada.
E puxou-o até uma cadeia próxima, colocando-o sobre o assento.
— Pronto: sentei-o. Mas não te preocupes. A ti não intrigo, somente humilho.

VI
Apertado para aliviar a bexiga, correu até um terreno baldio. Muito gordo, estava terminando de desafogar-se quando um menino grita:
— Ih, eu vi seu negócio!
Emílio recompõe-se, chama o pirralho e lhe dá uma moeda:
— Tome, você merece! Há anos não o vejo…

VII
Certo médico. muito conceituado na profissão, há muito se candidatara a uma vaga na Academia
Brasileira de Letras.. Em uma roda, comentava-se sobre se ele conquistaria a cadeira.
— É mais que certo, — opinou Emílio; — Vocês compreendem: há muito tempo, que F. está fazendo uma cabala única para entrar para a Academia! Não há acadêmico que adoeça, mesmo levemente, que ele não se ofereça para ser seu médico assistente e de graça…
— Cavando o voto!… — interrompe um dos circunstantes.
E Emílio explica:
— Qual voto! Cavando a vaga…

VIII
Ainda estudante, Emílio se aborrecia com os discursos certo Professor Saboya, na sala de aula. Percebendo seu desinteresse, o mestre lhe pergunta:
— Senhor Emílio, defina a Sabedoria!
Resposta rápida:
— A sabedoria, professor, é algo que tem efetivamente muito peso… se colocada n’água, ela afunda.
— E a ignorância, então?
— A ignorância? Ora, essa boia!


Resposta de Manoel de Andrade
Cleto, eis mais duas do Emílio:

1ª- Já velho, com sua bengala, passeava com um amigo pela Avenida Nª. Sª. de Copacabana quando, ao longe, caminhando em direção a ambos, se aproximava uma jovem rebolando acintosamente seu belo corpinho. O amigo provocou Emílio e este, apontando a bengala à garota que passava, exclamou: bem galinha.
Mais adiante cruzaram com uma mulher grávida, que ao passar, novamente Emílio apontou sua bengala dizendo: bem galada.

2ª – Conta-se que uma vez, ao tomar o trem em São Paulo para voltar ao Rio de Janeiro, um amigo literato levou-o a estação e na despedida disse a Emílio: Adeus, insígne partinte. Ao que o poeta respondeu: Adeus, insígne ficante.

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