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19 abril, 2013

O "xô!" da vida

"É um alívio saber que o fantástico existe e que os forasteiros que passam pela nossa província nem sempre estão mentindo." Paulo Mendes Campos
Muita gente, aqui e alhures (mais alhures), um dia já o seu "showzinho" fantástico.
Fantástico é quando alguém faz das fraquezas força e, não sendo bastante, ainda precisa das nossas. Da credulidade, principalmente. Como eu preciso da vossa, também. Pelo menos, para efeito dos feitos abaixo relatados:
Kevin O'Hagan, físico irlandês - Conseguiu virar num passa-paredes, façanha até então colocada no rol das impossibilidades. E, assim, atrair a atenção dos órgãos de espionagem, contra-espionagem e contra-contra-espionagem do mundo inteiro. Um dia, desapareceu do mapa: CIA e KGB trocaram acusações de sequestro (de cárcere privado, não). Entretanto, o que houve foi que O'Hagan, sem saber dosar bem essa concessão da Física, foi parar no centro da Terra.
Pablito Navarro, criança espanhola - É, para muitos, o maior símbolo da resistência à escola moderna. Pablito, certa vez, ofereceu uma inocente (porém envenenada) maçã à sua professora. Envenenada, nada: a mestra saiu ilesa daquela refeição, digamos, frugal. E Pablito teve de assistir, inúmeras vezes, ao filme "Cria Cuervos" para aprender onde é que tinha errado.
Barry Williams, militar inglês - Durante a II Guerra Mundial, integrando um grupo de elite, Barry participou de temerárias missões em pleno território alemão. Numa delas, furtou todo o estoque de repolhos em conserva da dispensa particular do Führer. Lembrado até hoje pela grande coragem, o militar inglês só fazia corpo mole para missões no norte da África. É que lá havia a única coisa capaz de detê-lo: coice de girafa.
Toh Lokoloko, filólogo papuásio - Dedicou a vida à "esperantização" dos setecentos dialetos de Papua-Nova Guiné, seu país natal. Em princípio, bem-sucedido (a palavra barafunda, por exemplo, já era compreendida de costa a costa) quando, por motivo desconhecido, resolveu se matar, deixando uma carta-testamento indecifrável. Quanto à palavra barafunda, esta se manteve na tradição oral de sua gente embora com setecentos significados diferentes.
B. Abbas, faquir indiano - Abbas foi o mais famoso faquir da região do Bangalore. Deixava-se encerrar num esquife de vidro onde dava concorridos jejuns de noventa dias corridos. Num desses espetáculos jejunos, que azar, ele foi visto com dois chifres de vaca assomando da boca, e mais gordo do que nunca. "Abbas jiboiava", no parecer de um crítico do faquirismo. Desacreditado, sem bilheteria, tempos depois ele morria de fome.
Estel Trudeau, estelionatário francês - Vendeu oito vezes a Torre Eiffel. Um dos compradores, o sexto, de nome Pierre, encontrando-se depois com ele num café parisiense, e querendo reaver o dinheiro perdido, quis surrá-lo com uma baguette. Mas Trudeau, habilmente, não só convenceu Pierre da lisura daquela transação como ainda lhe vendeu, por uma pechincha, o Arco do Triunfo. Assim, ficou o escrito pelo não escriturado, e Pierre, o bom Pierre, é hoje o feliz proprietário dos dois monumentos históricos. Falta apenas se acostumar com o riso ostensivo das autoridades francesas.
André e Luf, xifópagos do País de Tangas (que vai mal, obrigado) - É voz geral que eles são assim-assim Dio e Allah são grandes! - por influência dos miasmas teratógenos existentes no país, nos últimos vinte anos. Unha-e-carne. Nas veias do primeiro corre sangue italiano, nas do segundo, sangue árabe. Contudo -podem se separar. No comenos (quando um come menos) de uma briga de foice CONVENCIONAL. Vamos conferir, torcida.

Paulo Gurgel

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