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02 fevereiro, 2013

"Ópera do malandro" em Berlim

"Alles endet im Samba!"

No palco da Neuköllner Oper, os arcos da Lapa são o cenário da adaptação alemã da peça "Ópera do malandro", de Chico Buarque de Hollanda, que estreou na última quinta-feira (31) em Berlim. O espetáculo, com cerca de duas horas de duração, apresenta para o público alemão uma das grandes obras do teatro brasileiro.
A história contada na peça não é totalmente desconhecida dos alemães. Chico Buarque se inspirou em "A ópera dos três vinténs", de Bertolt Brecht e Kurt Weill, para escrever a "Ópera do malandro". Esse aspecto intercultural foi relevante para a diretora alemã na hora de escolher o texto. "Eu acredito que essa era a melhor peça para uma coprodução brasileira e alemã, pois Brasil e Alemanha estão reunidos numa peça só", declarou Lilli-Hannah Hoepner, diretora da peça, à DW Brasil.
Apesar dessa ligação próxima, esta é a primeira vez a que versão brasileira é encenada no país europeu. "Eu fiquei surpresa quando descobri que essa peça nunca tinha sido montada na Alemanha, pois o público aqui gosta muito de 'A Ópera dos três vinténs', e quando ela é montada sempre é um sucesso", relatou Hoepner.
Para a diretora, a encenação do texto de Buarque em Berlim faz parte de um círculo de trocas entre as duas culturas. "Para mim era importante essa volta. Uma obra alemã foi levada para o Brasil, trabalhada lá e agora essa versão volta para a Alemanha. Eu não queria fechar o triângulo no Brecht, eu queria continuar a curva. Eu pego novamente o texto brasileiro, olho como uma alemã e, a partir da minha visão, adapto essa peça", explicou Hoepner, que adaptou o texto para alemão juntamente com Bernhard Glocksin e a brasileira Luciana Rangel.
A peça escrita na década de 1970 ainda continua atual. Chico Buarque tratou de temas como a corrupção e o envolvimento da polícia com a criminalidade. Na adaptação de Hoepner, poucas mudanças foram feitas, apenas alguns temas atuais, como a Copa de 2014 e a pacificação de favelas no Rio, foram inseridos. "Modificamos muito pouco, apenas acrescentamos algumas coisas para trazer a peça para um contexto mais atual", contou a diretora.
A peça fica em cartaz na cidade até o início de março.


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