Páginas

04 fevereiro, 2013

Lixo e saúde pública

Celina Côrte Pinheiro
médica, presidente da Sobrames - Ceará
É crescente o lixo produzido no mundo e o Brasil não foge à regra. Com a melhoria da situação econômica dos brasileiros nos últimos 10 anos, aumentou a demanda/procura, tanto de bens de consumo (alimentos, bebidas, combustíveis...) quanto de bens duráveis (eletrodomésticos, carros, móveis...).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - Censo 2010-, a quantidade diária de lixo urbano coletado no Brasil era de 228.413 toneladas, o que representava 1,25 Kg diários por cada um dos cerca de 182.420.808 habitantes. No Censo 2012, a população brasileira saltou para 193.946.886 habitantes, o que implica também um aumento da produção de lixo. Na atualidade, falamos em reciclagem, em proteção ao meio ambiente, mas ainda cometemos erros medievais no que tange ao descarte do lixo.
Acumular lixo em qualquer lugar, sem acondicionamento adequado, sem preocupação com os dias da coleta sistemática, quando ela ocorre, é uma atitude que denota irresponsabilidade e/ou uma educação doméstica precária.
Quem assim procede, não percebe o alcance do comprometimento causado à saúde pública. Além do dano estético à cidade, multiplicam-se ratos, baratas, moscas e mosquitos, animais daninhos que provocam uma reação em cadeia, prejudicial à saúde de todos.
Em Fortaleza, a população ainda mantém uma relação bastante despreocupada com o lixo produzido. A expressão "jogar no mato" presente em nossos dias, levou-nos a definir "mato" como a menor distância entre a porta do domicílio e o restante do mundo.
Não é para ser assim! Se a saúde é uma prioridade, mais ainda é a educação, pois, de sua falta, decorre todo o resto. Há necessidade premente de campanhas permanentes de educação ambiental com ênfase nos cuidados com o lixo produzido. Todos os meios de comunicação devem ser explorados para incutir na mente da população a necessidade de uma relação mais respeitosa com o lixo. As escolas não podem ser esquecidas como locais propícios à disseminação das ideias relativas aos cuidados com o lixo. Crianças e jovens são excelentes multiplicadores.
Cabe ao Poder Público a fiscalização, a provisão de lixeiras distribuídas pela cidade, em número e locais adequados, o incentivo ao seu uso, a coleta contumaz e a multa aos infratores. Não é fácil educar um povo, mas é possível e vale à pena!
(artigo publicado ontem em DEBATES E IDEIAS do Diário do Nordeste)

Nenhum comentário:

Postar um comentário