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30 abril, 2012

Duas Sibilas

As Sibilas, sacerdotisas encarregadas da decifração dos oráculos (as respostas que os deuses davam às perguntas que lhes eram dirigidas), sempre usavam as sutilezas da linguagem para oferecer a duplicidade de sentido, através do jogo de palavras dúbias ou do deslocamento da vírgula.
Duas delas, a Sibila de Delfos e a Sibila de Cumas, desfrutaram de grande prestígio na Antiguidade. Estavam associadas ao deus Apolo e utilizavam-se dos vapores emanados de fendas de grutas para fazer suas previsões.

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A Sibila de Delfos
Conta-se que um guerreiro, ao consultá-la para saber se voltaria vivo de uma guerra, recebeu como resposta:
Ibis, redibis, non morieris in bello. Irás, voltarás, não morrerás na guerra.
Uma frase propositalmente ambígua com o sentido ao sabor da virgulação:
Ibis, redibis non, morieris in bello. Irás, voltarás não, morrerás na guerra.
A resposta da Sibila de Delfos é também apresentada nesta versão:
Ibis redibis nunquam in bello peribis. Irás, voltarás, nunca na guerra perecerás.
Ibis, redibis nunquam, in bello peribis. Irás, voltarás nunca, na guerra perecerás.
► Na linguagem moderna, um ibis redibis vem a ser um texto obscuro ou ambíguo.
A Sibila de Cumas
Seus oráculos foram reunidos em nove livros, que a profetisa ofereceu ao último dos sete reis de Roma, Tarquínio, o Soberbo, por um preço exorbitante. Como o rei recusasse a oferta, Sibila queimou três dos livros, oferecendo, posteriormente, os seis restantes pelo preço original. O rei negou a proposta novamente. Sibila, então, queimou mais três, apresentando os demais sem reduzir o preço. Surpreso por tamanha obstinação, o rei acabou aceitando a oferta. Os livros ficaram guardados no Templo do Capitólio em Roma, e eram consultados pelo Senado em todas as emergências. Mas, quando do incêndio do templo, também arderam nas chamas.

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