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11 maio, 2011

Manifesto troglodita


por Fernando Gurgel Filho, de Brasília

Tempos atrás, o Millôr propôs realizar A Parada da Vergonha Hétero, versão machista da Parada do Orgulho Gay.
As adesões não conseguiram encher o bar onde o pessoal resolveu se encontrar. E ainda tinha penetra: "Você não está na Parada errada, não?" "Não queridinho, aqui tá bom. Tá cheio de bofe..."
Também pudera. Marcaram a manifestação para um domingo! E estava um sol de rachar!
Aí, domingão, churrascão, o animal cheio de cachaça, se entupindo de linguiça (eu, hein?) jogando peteca na areia.
- Peteca, tio? Num tem coisa melhor, não?
- Tem, princesa, mas deixa pra lá...
Quem leva um cafajeste desses a sério em uma Passeata séria?
Porém, depois que o STF decidiu que "consideramos justa toda forma de amor", os machos de Brasília, acostumados a abraçar cacto no Nordeste, mastigar caroço de pequi no Goiás e comer abelhas vivas nos Pampas (eu, hein, rosa?), se sentiram violentamente feridos em seus brios e briocos.
Apesar de estarem abichornados e pachorrentos em seus afazeres, muitos se indignaram e foram à luta.
Porém, a coisa deu para trás. Literalmente. O motivo foi que, em protesto, a exemplo da queimação de sutiãs na década de 60, muitos passaram a imitar maus padeiros queimando rosquinhas em praça pública. Sem forno.
Outros, mais conservadores, vestiram seus robes de seda e reuniram-se para deliberar.
Depois de um bocado de cerveja, sem saber mais o que estavam fazendo ali, foram para casa, onde os esperavam suas bravas senhoras, que, após lhes aplicarem merecido corretivo, colocaram-nos em suas caminhas para dormir.
Foi quando a turma do sovaco mortal e das meias perfume de gambá, conseguiu reunir uma quantia considerável de adeptos - uns dez ou doze - na Passeata para Salvação da Espécie. A Passeata começou em um boteco, onde a confraternização rolou na maior algazarra, mas terminou em pancadaria no eixão, por causa de rivalidades tribais inconciliáveis entre torcedores de futebol.
Tudo porque as mulheres não apareceram para reforçar as fileiras. Preferiram se esbaldar na alegria do arco- íris que estava em comemorações na Esplanada.
E elas ainda reclamam de carência afetiva e efetiva.

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