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A necessidade e a fome ensinam, respectivamente, a rezar e a comer. E ambas ensinam a sobreviver ou a morrer tentando. Creio que a incorporação de determinadas comidas ao cardápio humano pode ser explicada, em grande parte, pela fome. Não pelo exotismo das comidas, porque o que é rejeitado por um povo é iguaria pra outro, até por causa da localização geográfica e consequente evolução cultural gastronômica. Mas, a utilização de alguns alimentos, somente se justifica levando-se em consideração épocas em que as hordas humanas padeceram de fome intensa e mortal. Então, como se justifica um ser humano em sã consciência e sem conhecer, como os primeiros que se depararam com a iguaria, colocar alho na boca?, pimenta?, cebola?, um simples maxixe?, ou tantos outros temperos e alimentos que usamos no dia-a-dia e não nos damos conta da estranheza que deveria nos causar.
Falo sério.
E os temperos/alimentos que nascem escondidos embaixo da terra? Além do ser humano ter que cavar para acessá-lo, ainda têm que limpar, descascar e, em épocas mais recentes, cozinhar. Mesmo assim, muitos não têm boa aparência. Haja fome pra comer – desde que a pessoa não conheça, repito – mandioca, batata, trufa (???)... Nestes casos a explicação pode ser mais simples. Como o ser humano sempre observou o comportamento das aves e dos animais, pode ter visto porcos do mato e javalis fuçando, desenterrando e comendo os tubérculos. Daí, deve ter sido um passo para imitá-los.
Hoje, isto está em qualquer manualzinho de sobrevivência na selva: observe o que comem as aves e os animais, não coma nada peludo, amargo ou com cheiro muito ativo.
Bom, esses atributos tiram muita coisa maravilhosa do cardápio. Hehehehe.
Basta pensar em..., hummmm, kiwi que é peludo por fora, mas muito saboroso; azeitona que é muito amarga, mas em conserva fica uma delícia; ou caqui, cujo odor é muito forte, mas é uma fruta deliciosa.
Mas, e os alimentos que fogem - alguns totalmente - às regras básicas de sobrevivência, como: jiló, pequi, guariroba, cogumelos, caramujos, algumas folhas e tubérculos que são venenosas se não fervidos? Creio que apenas a fome explica a coragem dos primeiros que provaram. Muitos humanos devem ter morrido na tentativa de se saciar. Devem, pelo menos, ter morrido saciados.
Outros alimentos, na falta de conservação, estragam. Alguns até com muita facilidade. Outros, após passarem por algum processo de degradação, podem se tornar fatais para o ser humano. O queijo comum é assim. Como explicar, então, apreciarmos leite estragado (coalhada, queijo, etc); queijo mofado (roquefort e camembert na França e gorgonzola na Itália); frutas, grãos em decomposição/fermentação (aluá, vinho, cerveja, uisque, cachaça...); além de outras práticas culinárias que, para nós, são muito exóticas, como fazer sopa de ninho de andorinha ou fazer café de grãos defecados.
Outros alimentos provocam euforia, desorientação, alucinações... Neste caso, a observação do comportamento dos outros animais também justifica a utilização pelo ser humano. Pelo menos é a explicação oficial do uso de determinados frutos ou sementes. No caso do café, por exemplo, dizem que os criadores de ovelhas estranhavam quando alguma se alimentava de uma frutinha avermelhada, pois ficavam muito serelepes. Descobriram o café. Não explicam como o ser humano passou a secar, moer os grãos e fervê-los para obter a bebida. Segundo as mesmas fontes oficiais, ovelha nenhuma até hoje fez isso.
Enfim, concluindo, na hora do “pega pra capar”, come-se de um tudo... E se alguém souber de algum livro sério e interessante que conte a história da evolução gastronômica da humanidade, favor indicar que tenho muito interesse.
Então, a vida está monótona? Falta emoção? Quer mais adrenalina? Então, experimenta um dos pratos abaixo (in mundoestranho.abril.com.br/alimentacao, por Gleydson Alves). São as 10 comidas consideradas mais estranhas do mundo:
10) ESCORPIÃO FRITO - O escorpião é um prato admirado pela maioria dos povos asiáticos. Grande parte dos países do continente degusta o petisco usando hashi, esse par de varetas usado para levar a comida à boca.
9) FILETES DE PEIXE VENENOSO - O tal peixe venenoso é o fugu ou baiacu, que tem muita tetrodotoxina, um veneno dez vezes mais forte que o cianeto. Para que a iguaria não mate ninguém, o cozinheiro retira uma bolsa perto das brânquias com o veneno. Depois, fura a bolsa e espalha sobre a carne do peixe uma pequena dose da toxina, para provocar um certo "efeito alucinogénico" em quem come! Por causa dos riscos da ingestão do alimento, os cozinheiros e chefes de restaurantes são exaustivamente treinados até ganharem o aval para preparar o fugu para consumo. Mesmo assim, cerca de 20 pessoas morrem por ano, intoxicadas pelo veneno do peixe!
8) FAROFA DE FORMIGA - O insecto aparece no cardápio rural brasileiro em certas áreas do Sudeste. Além de consumida em farofas, ela também pode ser torrada com tempero ou congelada para comer durante o ano. E faz bem! Como vários outros insectos, as formigas são ricas em proteína, têm baixo teor de gordura e alto teor de fósforo.
7) MORCEGO À CAÇAROLA - Os morcegos que fazem parte do cardápio humano são os que se alimentam de frutas. Escolhidos por não serem venenosos e por sua dieta saudável, os morcegos frutíferos têm baixo teor de gordura e uma carne cuja textura é comparada à dos frangos. Além da caçarola (um guisado com carne, vegetais e batatas), outras boas pedidas (quer dizer, boas pelo menos para os povos asiáticos) são a sopa e a lasanha de morcego.
6) CANGURU AO VAPOR - O hábito de comer cangurus começou com os nativos australianos. Hoje em dia, a carne do bicho é picada e cozida em vapor, com a adição de bacon, sal e pimenta para dar um temperozinho . Não sobra nada: até o rabo é aproveitado para fazer sopa! O gosto é comparado ao da carne de avestruz, uma carne vermelha bem forte.
Os pratos feitos com canguru são vendidos em mais de 900 restaurantes, desde pizzarias até serviços de quarto em hotéis cinco estrelas.
5) OMELETE DE LARVA DO BICHO-DA-SEDA - Na China, as larvas são fritas com cebola cortada e um molho grosso ou misturadas em omeleta com ovos de galinha. Na Tailândia, depois de ser incluída na lista de comidas locais, em 1987, a teia do bicho-da-seda passou a ser adicionada às sopas na alimentação de crianças nas escolas tailandesas.
4) SOPA DE CÃO - Para os coreanos, o cão é considerado bastante energético e, de acordo com a crença, melhora o desempenho sexual dos homens. Além da carne, a sopa leva legumes e tem um cheiro forte, principalmente por causa do tempero - em geral, especiarias como açafrão, cravo e canela. A venda da carne de cachorro já foi proibida por causa de protestos de protectores dos animais. Mas, em países como a Coreia do Sul, a fiscalização é fraca e muitos restaurantes continuam a confeccionar o prato.
3) CÉREBRO DE MACACO - Séculos antes do Indiana Jones, os africanos já cultivavam o costume de deglutir miolos de primatas. Anote o modo de preparação: primeiro, lave o cérebro (do bicho, claro) com água fria. Depois, acrescente vinagre ou suco de limão, retirando membranas e vasos sanguíneos da camada mais superficial. Conserve em salmoura e, finalmente, ponha a iguaria para cozinhar. Em todas as espécies de macaco, o órgão é rico em fósforo, proteínas e vitaminas. Prefere outros cérebros? Tente o de gorila, considerado afrodisíaco.
2) CALDO DE TURU - O turu é um molusco de cabeça dura e corpo gelatinoso, tem a grossura de um dedo e vive em árvores podres, caídas. Consumido na ilha de Marajó e no interior da Amazónia vivo e cru, em caldo com farinha ou em moqueca, o bichinho é rico em cálcio e tido como afrodisíaco. O gosto é semelhante ao dos mariscos.
1) TARÂNTULA FRITA - Apesar de pavorosa, a espécie não é venenosa - e é a mais consumida no mundo por ser maior que as outras aranhas. A parte mais cobiçada é o abdómen do aracnídeo. É lá que fica a maior parte da carne - na cabeça estão as vísceras e no restante do corpo não há muito mais o que comer. Os maiores consumidores de Tarântula são os índios na América do Sul e os aborígenes na Austrália.
Fernando Gurgel Filho
Fernando,
ResponderExcluirPosso indicar um livro que matou minha curiosidade sobre a base científica da cozinha. Nossas avós foram "descobrindo" o que dava certo na base da Tentativa e Erro.
O empirismo funcionou,mas foi extremamente demorado.
O livro que dá explicação científica para as práticas de sucesso na cozinha é: "Um Cientista na Cozinha"
Antropólogos afirmam que a base da nossa inteligência está na descoberta de que ao se aquecer a proteína sua absorção era grandemente facilitada. Foi assim que o cérebro humano pôde dar este salto gigantesco.
Obrigado pela dica. Deve ser um livro muito interessante.
ResponderExcluirNão deve contemplar, entretanto, a história, ou a pré história de alimentos que foram incorporados ao nosso cotidiano quase que à força.
Mas vou procurar o livro indicado.
Grande abraço,