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13 fevereiro, 2011

Doutor em MPB

"Certa vez, eu saía apressada de um dos almoços na Editora (José Olympio) para a sessão do Conselho Federal de Cultura, que começa às duas horas, e o Ministro Cândido Motta ofereceu levar-me no seu carro. Dávamos a volta pelo parque do Flamengo, quando veio à nossa conversa o assunto netos, meus e dele, todos maravilhosos, claro. E de repente ele se põs a explicar, meio complicado, a vocação profissional do seu neto Nelson Motta, o Nelsinho.
- Adora música, principalmente a popular, desde pequeno, é queda irresistível...
Tive a impressão de que, de certa maneira, o avô justificava o rapaz ante os possíveis preconceitos elitistas da senhora literata. E protestei com veemência:
- Mas eu sou fã do Nelsinho! Fã de firma reconhecida1 Tenho os discos com as músicas, não perco a coluna dele no jornal, e sempre que posso o vejo na TV! É um doutor em música popular. E, além disso, Ministro ele é lindo!
O Ministro visivelmente inchou o peito naquele orgulho inocente que só os avós conhecem: os seus olhos luziram, seu sorriso clareou mais, e ele acabou concordando, beatífico:
- Sim, é lindo!
E a concordância em torno daquele neto e daquele adjetivo selou uma cumplicidade afetuosa entre nós. Daí por diante, mal me via, ele abria o sorriso, adiantava-se para me apertar a mão e, assim que apanhávamos um local para conversar sossegados, íamos discutir, conspiratoriamente, não de inquietações políiticas ou novidades das letras - mas, doce e consoladamente, de netos."

Trecho final do discurso de posse da escritora Rachel de Queiroz na Academia Brasileira de Letras, em 4 de novembro de 1977.

Quem é Nelson Motta
Nelson Motta, na década de 1960
Nelson Cândido Motta Filho, nascido em 29/10/1944, em São Paulo - SP.
Jornalista. Teve colunas nos jornais "Última Hora" , "O Globo" e "O Estado de São Paulo". Foi membro do júri do programa de Flávio Cavalcanti, "Um instante, maestro", o que lhe valeu grande popularidade. De 1992 a 2000, atuou como um dos apresentadores do programa "Manhattan Connection", produzido em Nova York e exibido no Brasil pelo canal GNT.
Empresário. Criou as casas noturnas "Noites Cariocas", "Paulicéia Desvairada", "African Bar" e "Dancin' Days", sendo esta a primeira discoteca do Brasil. Montada em 1976, com a peculiaridade de contar com garçonetes cantoras, que passaram a atuar profissionalmente no cenário musical como As Frenéticas, no estilo "disco-dance" da época, misturado ao teatro de revistas e às chanchadas cinematográficas da década de 1950, interpretando canções de sua autoria e de outros compositores.
Produtor de arte. Discos, shows, festivais, musicais de TV e peças de teatro.
Escritor. Autor de "Noites tropicais: solos, improvisos e memórias musicais", livro autobiográfico publicado em 2000, e de vários outros livros.
Torcedor do Fluminense. Lançou pela Ediouro o livro "Fluminense - Vida, paixão e glória de uma máquina de jogar bola", em 2005.
Compositor. O Dicionário Cravo Albin cataloga 78 canções (algumas são versões) de Nelson Motta com diversos parceiros.


Principais sucessos musicais de Nelson Motta
Como uma onda (c/ Lulu Santos)
Dancin' days (c/ Ruban) - O tema de abertura da novela homônima da Rede Globo (no vídeo).
De onde vens (c/ Dori Caymmi)
De repente California (c/ Lulu Santos)
É só chamar (versão de "Call me", de Tony Hatch)
O cantador (c/ Dori Caymmi)
Perigosa (c/ Rita Lee e Roberto de Carvalho)
Saveiros (c/ Dori Caymmi) - A canção vencedora da fase nacional do I Festival Internacional da Canção (FIC), interpretada por Nana Caymmi.
Um novo tempo (c/ Marcos e Paulo Sérgio Valle) - O tema cantado pelo elenco da Rede Globo nos especiais de fim de ano da emissora. PGCS

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