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17 dezembro, 2010

O Almirante Togo

Tímido, suscetível e intransigente em seus princípios, era uma tarefa difícil para o escritor cearense Antônio Sales conviver com a humanidade. Sendo esta substituída em seus afetos pelos animais de estimação que ele criava.
Um deles era o gatinho Togo. O Almirante Togo, que motivou Antônio Sales a escrever as dezesseis quadras de "O Meu gato", publicadas na "Folha do Povo", de 13 de outubro de 1931.Eis duas dessas quadras:

"Gosta de literatura,
certo, porque é seu costume
subir a estante à procura
de um predileto volume.

Mas para que venha logo
dos ratos ser o flagelo,
pus-lhe um nome grande e belo:
chama-se Almirante Togo."


Ainda sobre o Almirante Togo, escreveria Antônio Sales outras dezoito quadras, sob o título "A Primeira Proeza". Eis seis delas:
"Togo (já sabe o leitor
que assim se chama o meu gato)
estreou com esplendor:
- matou seu primeiro rato!

Leitor, crê no que te digo:
- sem hesitar um segundo,
Togo, rápido, iracundo,
lançou-se sobre o inimigo.

O seu valor inconcusso
tinha uns laivos de epopeia:
- tal seu xará contra o russo
na baía da Coreia!

Calcula, leitor, se o ousas,
o orgulho que por mim vai!
Só um coração de pai
pode sentir essas coisas!

Ante tal grande façanha
que tem de imortalizá-lo,
o imperador da Alemanha
devia condecorá-lo!

Eu que não tenho fitinhas
com uma insígnia suspensa,
hei de dar-lhe em recompensa
- uma lata de sardinhas..."

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