Ao menos isso. Pois nada é mais doce do que ouvir o nosso nome da boca de outrem. Essa frase, provavelmente dita por Mel Brooks, constitui uma grande verdade. Não adianta você ser amável, puxar um papo legal, se não sabe tratar o outro pelo nome. E fica meio esquisito pedir uma nova apresentação.
Dou exemplos de umas pistas que, por vezes, me socorrem: um remédio que obrou milagre (ah, é paciente), uma crônica que viu no jornal (ah, é leitor), uma plenária no sindicato (ah, é colega), um conselho para me cuidar (ah, é minha mãe). Exagero, leitor. Até o momento em que redijo estas linhas ainda não passei pelo último vexame.
Sou levado a apanhar um pouco mais da memória quando encontro alguém fora do contexto habitual. Mas acredito que isso não aconteça apenas comigo. Reconheceria você se encontrasse: o seu açougueiro num restaurante vegetariano? o seu confessor num cabaré? o seu personal trainer num spa?
Sem ser masoquista, apanho ainda mais quando é alguém do sexo oposto. Tantos são os recursos que a mulher usa para se embelezar e que a deixam muito diferente. Penteados, maquiagem, lentes de contato coloridas, lipoescultura etc. Ah, só a voz é que continua a mesma (como dizia um anúncio na TV). Após o que fico eu pensando que sou mesmo um inepto para a arte da galanteria.
Parafraseando Terêncio, eu diria que tudo que é humano me é estranho. O nordestino tem um nome para isso: "ariado" (com origem em "alheiado"), que é como eu fico em muitas dessas situações. Longe de ser uma vantagem, constitui o fato um handicap. Eu nunca poderei ser um relações públicas, por exemplo. Político, nem pensar. A não ser biônico, vice ou suplente de senador.
Já notei que duas coisas conseguem me avivar a memória. Uma é receber uma advertência pela má memória. O que me faz caprichar na memorização fisionômica da pessoa para que o problema não mais se repita. A outra é ver a pessoa, ainda que a conheça apenas de vista, metida em alguma confusão...
Diabéisso? Serei eu um filho natural da Candinha?
PGCS
31 maio 2015 - Nem tudo está perdido
As memórias apagadas por uma amnésia não se perdem para sempre, mas ficam apenas inacessíveis e podem ser recuperadas, de acordo com uma nova pesquisa publicada nesta quinta-feira, 28, na revista Science. Em um experimento com camundongos, os autores do estudo conseguiram fazer com que os animais recuperassem memórias que haviam sido apagadas.
Durante um encontro entre amigos, na casa de um deles, foi ficando ostensiva a maneira apaixonada com que o dono da casa tratava a esposa.
ResponderExcluir- Meu bem, busca uma geladinha pra nóis, viu?
- Amoooôr, tem tiragosto aí na cunzinha?
- Queridáaaaa. Baixa o som aí, pra nóis prozear.
Ao final da conversa, o visitante incluiu nas despedidas um elogio pela harmonia entre o casal. Confessou que nunca havia visto tanto carinho num casamento de 50 anos.
Ao que o dono da casa respondeu.
- Num é carinho porra nenhuma não. Tô com um principio de Auzaime e num consigo lembrar o nome dessa fia da puta.