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08 maio, 2009

Um esqueleto para Michael Jackson

O cantor Michael Jackson, já conhecido por suas extravagâncias, arranjou mais uma. Ele quer montar uma câmara de horrores em sua casa de Los Angeles. Quer uma câmara toda repleta de crânios e esqueletos disformes assim como uma biblioteca de compêndios médicos sobre doenças estranhas. Para completar a tétrica coleção, está lhe faltando, porém, o mais ambicionado troféu. O esqueleto de John Merrick, o homem-elefante.
Os restos mortais de John Merrick não se encontram num campo-santo qualquer. Tampouco num cemitério de elefantes. Repousam num hospital de Londres, onde se prestam ao ensinamento médico. Quer dizer, não repousam. O esqueleto é famoso por suas grandes deformidades. Uma coluna vertebral retorcida que sustenta (haja Atlas!) um crânio descomunal. Muitas outras alterações também enfeavam o pobre John Merrick. No entanto, por terem sido das partes moles, voltaram ao pó.
Um milhão de dólares não fez com que o esqueleto humano mudasse de proprietário! Perdão, de intermediário! E olhem que o hospital londrino tem sérios problemas de caixa. Está no osso. Mesmo assim não vende os restos de Merrick. Principalmente para Michael Jackson que os deseja ter para o seu deleite. Como a um brinquedinho articulado. Não são ossos de borboleta (ninharia) a soma oferecida pelo cantor, mas o hospital não vende o esqueleto. Razões morais são alegadas.
O esquésito (a palavra existe) Michael Jackson está para lá de "Merrickesh"! Será que ele deseja fazer o Príncipe Hamlet, o craniólogo, em sua tragédia de dúvida e desespero? Androginia dá dúvida, mas desespero só às vezes. Ou será que ele pretende copiar da pretendida ossatura apenas um novo passo de discothèque? Pois, literalmente, JM é espelho de MJ. Nesta hipótese, fãs do mundo inteiro, sacudi-vos! Nada tendes a perder, senão o vosso suor! Michael contasse com o esqueleto, então o balanço seria tremendo.
Imagino que um anjo torto, desses que vivem à sombra, haja lhe aparecido e dito: "Vai, Máiquel, ser musicólogo na vida..." E Michael Jackson foi sê-lo, só que no Museu da Teratologia. O museu, ô Michael, se ainda não tem o horrífico estandarte, eu aproveito para sugerir um deles. Um que tenha uma caveira a encimar duas tíbias cruzadas. Não, MJ, os velhos bucaneiros não cobram direitos autorais.
E quem não se recorda de Michael Jackson em seu videoclipe mais famoso? No qual ele aparece dançando ao lado de hediondas criaturas da noite, recém-saídas de suas tumbas etc. É Michael Jackson em seu elemento. E quem não sabe de seu hábito, meio believe it or not, de dormir numa esquife hiperbárica? Como se isso lhe prolongasse a vida. Pois bem, qualquer semelhança com o hábito de um certo conde da Transilvânia não é mera coincidência...
Dear Michael Jackson: Venham de lá esses seus ossos que eu quero apertá-los. Mas... se, numa dessas contorções que você tanto gosta de fazer, o seu esqueleto, vai, assume uma posição bem bizarra de não mais voltar ao normal, hein? E, tempos depois, aparece outro excêntrico querendo comprá-lo, hein, hein?
Já sei, meu tangará, são os ossos do ofício.

Texto que eu escrevi em 1987 para o DN CULTURA. Ars longa...

2 comentários:

  1. Oi Paulo, tudo bem?
    Você sabe de quem é o crédito da caveirinha do Michael? Você poderia me mandar, por favor?
    Meu e-mail é marina@gurgel.com
    Obrigada,
    da sua possível parente distante, Marina Gurgel

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  2. Oi, Marina.
    O desenhista rubricou a caveirinha do MJ. Infelizmente, não dá para ler.
    Curiosamente, eu tenho uma sobrinha chamada Marina Gurgel, que é irmã gêmea de Diana.
    Obrigado por andar lendo o blog EntreMentes.
    Paulo Gurgel

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