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18 janeiro, 2008

Branca das Neves

Era uma vez uma moça de coração bom (frise-se isto) que se chamava Branca das Neves. Órfã de pai, mãe e ama-seca, ela vivia na companhia de uma senhora de estranhos poderes. Má Drástica, a que tinha os cabelos pretos como a asa do corvo. E que planejava, sem que Branca soubesse, arrancar-lhe o coração para substituí-lo por um "Jarvik-7". Para tanto, a senhora Má contava com um grande trunfo: a faca de ponta do terrível Gargamel.
Mas Gargamel era um boquirroto. Num porre de hidromel, ali por volta da "ônzima" caneca, ele foi, bateu com a língua nos dentes (embora não tivesse estes). A inconfidência de Gargamel, feito ondulação de trigal, propagou-se por todo o reino e todos tomaram conhecimento do plano da senhora Má. Branca das Neves também soube, mas ficou sem acreditar. Foi preciso que pessoas chegadas lhe mostrassem a guia de importação do "Jarvik-7", logo após surrupiá-la de Má Drástica.
A moça Branca ficou apavorada. Se a idéia de vir a ter um coração novo, de plástico mais alumínio, já a inquietava, imagine a de viver atrelada a um trepidante compressor... Era de tremer nas bases. Defendendo o recôndito, passou a usar um califom reforçado em seus passeios na floresta. Com isso, o dia "D" que chegasse.
Numa tarde sépia de outono, Gargamel levou Branca das Neves a um passeio na floresta. Tinha a ordem da senhora Má para arrancar o coração de Branca, mesmo sem anestesia local. Era o dia "D". Então, mata adentro, os dois caminharam durante muito tempo. Chegando a uma clareira, Gargamel consultou o seu relógio "Seiko-No-Iê" a ver se já era a hora "H". Era. Mas nisso, Branca das Neves levou Gargamel a um passeio no talão de cheques. E por 3$800 teve a vida poupada. A bem dizer, o "Jarvik-7" era só uma encenação de Má Drástica. Depois de sacado o coração, Branca não teria direito a reposição nenhuma.

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