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Se não houver problema de conexão em seu computador começará a ouvir Nick Bar, um clássico da MPB, na interpretação de Dick Farney. A música, em sua letra, recorda um amor que aconteceu no Nick Bar, uma casa noturna paulistana que não existe mais.
Devo dizer que Fortaleza já teve um bar homônimo. Descobri-o por acaso em minhas andanças notívagas na Praia de Iracema. Aí pelo fim dos anos 70, numa noite de luar de agosto, ao parar em sua porta, atraído por sons musicais que vinham do bojo daquela casa. Entrei. Era a melodia do violino de Antônio Cochrane, o Toinho do Violino, a que se juntavam a harmonização e o contraponto de um piano.
E segue-se o que fui descobrindo. A casa era tocada (leia-se: comandada) por Iara, uma cantora negra, muito simpática. Que abria a função todas as noites cantando a música... Nick Bar, claro. Já que a casa paulistana dera o nome à canção, que esta revertesse o processo em algum lugar do Brasil. No bar de Iara, por exemplo. E me recordo também da presença constante do Sr. Edson, que colaborava para o funcionamento da casa.
Era um bar simples e aconchegante muito freqüentado pelos músicos e boêmios da terra.
Muitas madrugadas varei naquele ambiente. Entre amigos, cervejas e porções de vatapá de camarão, o tira-gosto mais requisitado. Sim, entre as músicas, também. Havia, no repertório de Iara, duas delas que eram infalíveis, pelo menos quando eu estava lá. Ingênuo, de Pixinguinha, e Torre de Babel, de Lupicínio, que a cantora-proprietária cantava de livre e espontânea pressão. Com o acompanhamento de Joãozinho do Violão, cujo ofício não é necessário declinar.
Em sua noite magna, o bar da Iara apresentou – com exclusividade – o cantor-compositor Lúcio Cardim, autor de Matriz e Filial, samba-canção que muita gente credita erroneamente a Lupicínio Rodrigues. Aliás, o equívoco dos sonhos para Lúcio Cardim. Que, assim, por conta da confusão autoral que o público faz, tem faturado mais com apostas do que com direitos.
Um dia o Nick Bar fechou. Desde então, eu não tive mais notícia de Iara. De Joãozinho do Violão, sim. Ainda toca na noite e, talvez, possa dar alguma dica a respeito.
No preparo desta nota, dei-me conta de que ignorava quem compusera o Nick Bar. Pesquisa que pesquisa, cheguei aos nomes: Garoto e José Vasconcelos. O primeiro foi o genial violonista Aníbal Augusto Sardinha, um precursor da bossa nova, criador de Duas Contas, Desvairada e Gente Humilde. O segundo ainda põe a cara na mídia. Trata-se simplesmente do humorista Zé Vasconcelos.
A Iara apareceu ontem à noite, no Cantinho do Frango, onde cantou acompanhada do Zivaldo Maia, no chamado Clube dos Gatos, que se reúne para ouvir boa musica nas quintas-feiras, de 15 em 15 dias.
ResponderExcluirGerardo Barbosa
Obrigado pela dica, Gerardo.
ResponderExcluirEu falo também deste notável violonista que é Zivaldo na postagem Santiago drinks.
Confira:
http://blogdopg.blogspot.com.br/2007/08/santiago-drinks.html