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28 novembro, 2006

Espirometria do mês

Hoje, na sessão do Serviço de Pneumologia do Hospital de Messejana, apresentei a “Espirometria do Mês”.
Um paciente do sexo masculino, 63 anos, tossidor crônico, ex-fumante de 60 anos-maço (abstinente há 1 ano), encaminhado para a espirometria com o diagnóstico prévio de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Mostrava a espirometria a capacidade vital forçada (CVF) e o volume expiratório forçado do 1º segundo (VEF1) reduzidos. Situando-se os valores encontrados para estes parâmetros em 69 e 68 por cento dos valores de referência, respectivamente. Contudo, a relação entre estes dois resultados originava um terceiro, o índice de Tiffeneau, dentro da faixa da normalidade. Quanto à prova broncodilatadora não demonstrava variações significativas de fluxo e/ou de volume.
A combinação desses resultados, na forma como ocorreu, induziria a se pensar na existência de um distúrbio restritivo. Sem que houvesse o respaldo nos dados clínicos que, aliás, apontavam para a possibilidade de um distúrbio obstrutivo. Ao se recorrer às Diretrizes para Testes de Função Pulmonar (SBPT, ano 2002), na interpretação IV das espirometrias, evidenciou-se se tratar de um distúrbio inespecífico. Após o descarte progressivo, feito no algoritmo selecionado, dos outros padrões de distúrbio ventilatório.
Não é o distúrbio inespecífico uma vala comum para receber os distúrbios ventilatórios quando estão mal tipificados. Tanto que a pletismografia de corpo inteiro, uma técnica considerada padrão-ouro para os volumes pulmonares, mantém o distúrbio inespecífico como uma entidade distinta.
Então, quando concluir pela ocorrência do distúrbio inespecífico? Segundo as Diretrizes, quando forem atendidas às seguintes exigências:
1. Ausência de dados clínicos para restrição ou presença de dados para suspeita de obstrução.
2. Capacidade vital acima de 50 por cento da prevista.
3. Capacidade vital após broncodilatador ainda reduzida.
4. Fluxo expiratório de 25 a 75 por cento da capacidade vital relacionado com a própria capacidade vital abaixo de 150 por cento.
5. Capacidade de difusão normal.
O caso apresentado, cujos resultados obtidos de CVF, VEF1 e índice de Tiffeneau já haviam indicado para o seguimento da interpretação IV das Diretrizes, também atendia às quatro primeiras das exigências acima citadas. Restando apenas a quinta, a capacidade de difusão, como exigência não atendida por não haver sido realizada. Sendo a justificativa não dispor deste exame no Hospital de Messejana.

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