28 novembro, 2009

"Não adianta nem me abandonar"

“Gal se distanciou muito de mim e de Caetano. Não brigamos nem nada. Ela apenas se isolou. Diminuiu o ritmo, se afastou da música, adotou um filho [Gabriel, em 2007]. Mora lá na Bahia e cuida do menino, linda. Um dia lhe perguntei:
- Do que você mais gosta hoje, do canto ou da maternidade? Me responda, mulher!
Não respondeu (risos). Tenho a impressão de que Gal, uma cantora inigualável, não se entusiasma tanto pelos novos autores. Deve avaliar que suas composições não estão à altura da voz dela, daquele cristal perfeito. É compreensível. A emissão de Gal exige de fato canções tão sofisticadas quanto as de Caetano, Chico Buarque, Dorival Caymmi, Tom Jobim, Ary Barroso. Eu, em contrapartida, não enfrento o mesmo problema. Sou uma intérprete antes de tudo. Uma intérprete de textos, de ideias, que também pode cantar. Não sou uma purista.”
Trecho (citado por Claudio Assis no Blog do Nassif) de uma entrevista que Maria Bethânia concedeu à revista Bravo de setembro de 2009.



Vídeo com Maria Bethania e Gal Costa cantando "Esotérico", de Gilberto Gil. Gravado em 2002, em um megashow que os três e Caetano Veloso realizaram na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro.

3 comentários:

Nelson Cunha disse...

Paulo,
Vi Gal em Porto Alegre. O ano era o de 1970 e este fanzôco babava na fila do gargarejo. Ela, cadeiruda, à quatro metros dos meus hormônios juvenis, principiante e contida, atirava olhares para todos, mas ardiam só em mim. Vi Gal novamente, três décadas depois em Belo Horizonte, e o seu corpaço nem meus hormônios eram os mesmos, mas a voz... Quê agudos precisos e preciosos, quê segurança e desembaraço. Não era mais a menina que vi, havia se transformado em diva, e na falta de santas, uma deusa brasileira. Vivagal !

Paulo Gurgel disse...

Eu também estava nessa fila do gargarejo, no show de Porto Alegre, Nelson. E tive exatamente a mesma impressão.
Depois disso, só pela mídia. Mas Maria da Graça é o que você descreveu.

Paulo Gurgel disse...

Por e-mail, Nelson solicitou corrigir a expressão "à quatro metros" para "a quatro metros". Está feita a corrigenda, Nelson.
Não posso suprimir a "maldita crase".
Nos blogs, os comentários seguem a "lei do tudo ou nada".
Paulo